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Guia para Gestores de Escolas

Berçários: A escolha do segundo ninho

Matéria publicada na edição 94 | Dezembro  2013 – ver na edição online

Apartar-se de suas crias, não é tarefa fácil para pais zelosos. É uma difícil decisão, que os pais têm que tomar ao chegar a hora de colocarem seus pequenos no berçário. Hoje, a vida cotidiana e o empenho profissional já não permitem que os pais cuidem dos filhos em casa, sem a ajuda de uma babá, avós ou escola. O primeiro sentimento é o de receio. Medo de deixar sua prole nas mãos de qualquer pessoa, pavor de que algo ruim possa acontecer ou de que não cuidem devidamente dos bebês.

A segurança é fator primordial. Tudo o que se almeja é ter tranquilidade para ir trabalhar, e ao voltar, encontrar seu filho bem cuidado, alimentado e feliz, além de poder perceber seu desenvolvimento intelectual e social. É necessário cautela na escolha para que se possa obter segurança desejada, a ponto de sentir que o berçário é uma extensão da própria casa, é como um segundo ninho. A diretora do Colégio Pitágoras (Belo Horizonte – MG), Cristina Durzi enfatiza “A decisão deve ser feita com calma e atenção. O diálogo com outros pais de crianças que frequentam o berçário também pode ajudar nessa escolha. Tudo deve ser observado na hora da escolha: a estrutura física, a formação da equipe, a higiene, o lazer e as atividades desenvolvidas, entre outros. Além do conforto dos bebês, é importante checar quais são as atividades diárias do berçário. É interessante realizar visitas em diversos momentos do dia para observar o cotidiano da escola: a criança deve ter o momento de brincar – para desenvolver a capacidade motora e mental; a hora do descanso; do banho; e das refeições. Todas as etapas são essenciais para o crescimento saudável e devem ter acompanhamento profissional, como de enfermeiras e cuidadoras com experiência na área. A flexibilidade e a comunicação entre a escola e os pais são essenciais para o bem-estar do bebê. A relação deve ser honesta e frequente. Algumas escolas possuem uma agenda diária que narra o passo-a-passo do desenvolvimento e das atividades da criança durante o dia, o que torna muito prático para os pais”. Ela complementa “Também sou mãe e já passei por esta fase. Quando criamos o berçário na instituição, pensei no que gostaria que fosse oferecido para meus filhos”, afirma.

A Pedagoga, com especialização em educação infantil/ berçário, Aglair Iara Tito Fraga, diz que ao escolher um espaço para deixar seu filho, deve-se observar se a escola “comunga” dos mesmos ideais da família, para que juntas, família e escola, proporcionem uma educação parceira e completa. Além disso, analisar o que o berçário oferece, como o espaço físico, formação de equipe, segurança, higiene e cuidados.

Observar:

  • organização das salas;
  • equipamentos e materiais (adequados e suficientes);
  • áreas de circulação de pessoas;
  • ventilação e luminosidade;
  • acessibilidade aos materiais (altura das crianças);
  • produções das crianças expostas;
  • área externa – que permita engatinhar, andar, correr e brincar.

Infraestrutura e Equipe 

É de suma importância a análise da infraestrutura, filosofia de ensino e qualidade da equipe do Berçário. Afinal, é ali que seu filho vai passar boa parte do tempo e absorver exemplos e impressões à sua volta, desenvolvendo suas habilidades, atitudes, raciocínio e capacidade de se relacionar. Segundo a pedagoga do Colégio Itatiaia, Eliana Fernandes “Na prática psicomotora, o movimento reflete a necessidade que a criança tem de expressar-se e integrar-se, possibilitando-lhe o desenvolvimento de novas capacidades que a levem a situações de independência e autonomia. A criança se comunica por meio de gestos, expressões faciais e do corpo, por isso, deve ser estimulada desde bebê, para que lhe garanta o desenvolvimento de suas capacidades. Desde os primeiros meses, o bebê é psicologicamente ativo e a maturação de suas funções sensório-motoras depende amplamente dos estímulos oferecidos pelo meio. A estimulação Psicomotora precoce surge através de preocupações fundamentadas na educação, na prevenção e mesmo na cura de distúrbios apresentados muito precocemente em determinadas crianças”.

Quanto a equipe envolvida, é necessário que sejam formados em pedagogia, como comenta Aglair Iara Tito Fraga “Trabalhamos com profissionais formados na área de educação: um professor formado em pedagogia por sala, desde o berçário, e com auxiliares estudantes de pedagogia e, em grupos de bebês até 15 meses, temos uma assistente com formação em enfermagem. A cada dez bebês, três profissionais. De acordo com CME nº13/09 e a Deliberação CME 2/04,  os docentes precisam ter o curso de Pedagogia, Normal Superior, admitida como mínima. A formação em nível médio na modalidade Normal. É imprescindível  profissionais capacitados para essa faixa etária –  Diretor ou Coordenador Pedagógico, com curso de Pedagogia ou Pós-Graduação em Educação. Na Vila do Saber, todos os profissionais passam por capacitações internas quinzenais e são oferecidos cursos externos de especialização.”

O lactário é um quesito à parte. Deve ser em ambiente arejado e limpo, de preferência nas dependências do berçário, com refrigeradores em bom estado, os alimentos/mamadeiras devem ser identificados com os nomes de cada criança, mamadeiras e utensílios devem ser esterilizados diariamente, seguir as normas da vigilância sanitária, ter uma nutricionista que acompanhe e coordene a alimentação dos bebês. “No Pitágoras Kids, espaço de berçário do Colégio Pitágoras, cada criança tem sua caixinha para armazenar os alimentos. Temos uma pessoa que fica apenas no lactário para cuidar e preparar tudo. Em relação aos alimentos, optamos por oferecer o que a família traz para a criança. Não preparamos a comida aqui porque cada criança tem uma dieta específica, orientada pelos pediatras ou pelos pais. Também devolvemos o que sobra para que a família possa saber o que foi consumido e como a criança está se alimentando, tudo registrado também na agenda de cada uma delas” nos conta Cristina Durzi.

O fato é que nenhuma instituição poderá substituir a família, mas com o devido cuidado é possível encontrar uma escola séria na qual, pais e educadores, possam construir uma relação de confiança interpessoal em prol da educação das crianças. Eliana Fernandes pondera “A confiança será construída aos poucos, considerando que o trabalho de educar se dá a partir de uma parceria entre escola e família. A família precisa ter ciência do que deseja para seu filho e que a escola irá satisfazer estes desejos, todavia a escola precisa ter segurança sobre a sua missão e o que se prontifica a atender. Os profissionais precisam ser sinceros e ter transparência em relação ao que acontece no dia a dia do bebê sempre informando aos pais o que for relevante para o bem estar do aluno e dar um suporte pedagógico sempre que for necessário”.

SAIBA MAIS:

Cristina Durzi
[email protected]

Aglair Iara Tito Fraga
[email protected]

Eliana Fernandes
[email protected]

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