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Guia para Gestores de Escolas

Competência emocional da Infância

Somos seres dotados de cérebro, consciência e emoções.
Desde que somos um embrião, já começamos a nos diferenciar e, apesar do aspecto filogenético – que nos iguala -, somos diferentes. Uma criança precisa de mais estímulos para atividades físicas, outra precisa de mais estímulos para desenvolver seu raciocínio lógico – matemático – e ainda outra uma ajudinha no desenvolvimento da linguagem. Uma criança pode ser mais afetiva, outra mais independente. Essas diferenças é que nos enriquecem e que traz aos educadores, desafios.

Desafios estes, por exemplo, de como dar conta das diferenças em um grupo de 20 ou 30 crianças? Como promover o desenvolvimento cognitivo e emocional a partir das diferenças?

Se começarmos a entender os aspectos e “regras” do cérebro, teremos muitas pistas.

Nascemos com quase 100 bilhões de neurônios e vamos perdendo estas células ao longo de nosso processo de nos tornarmos inteligentes. Trocamos células, reconfiguramos o relacionamento entre elas e temos um dispositivo natural de capacidade de autor-regeneração. Esta faculdade é denominada plasticidade cerebral. Em outras palavras, a plasticidade cerebral é uma característica inerente do cérebro que permite que o mesmo se reorganize, modifique e reconfigure. O cérebro é imbuído de possibilidades, se modifica o tempo todo, mas conta com “regras”. Entendendo, como regras, as janelas de oportunidade, ou seja, os períodos onde uma determinada habilidade ou competência é desenvolvida.

Por exemplo, uma criança que não for estimulada visualmente, que for privada de estímulos visuais, mesmo sendo aparelhada de um lobo occipital (parte posterior do cérebro responsável pelo processamento da visão), não aprenderá a ver (de modo geral).

O cérebro aprende desde sempre, o que nos coloca a importância de estimularmos para sua melhor competência e bem-estar. Neste sentido contamos com as janelas de oportunidade e os períodos sensíveis do cérebro para os aprendizados.

Este mesmo cérebro plástico, ávido e preparado para o desenvolvimento das competências neuro-cognitivas precisa com a mesma notoriedade cuidar das competências emocionais.

E falando de desenvolvimento emocional, estaremos em uma seara bastante complexa das neurociências, mas que têm pistas para poder nortear a conduta do educador nos aspectos acima.

O que são competências emocionais? Goleman (2001) ressalta que a Competência Emocional é uma capacidade adquirida, baseada na inteligência emocional, que é a capacidade de criar motivações para si próprio e de persistir num objetivo apesar das dificuldades; de controlar impulsos e saber aguardar pela satisfação de seus desejos; de se manter em bom estado de espírito e de impedir que a ansiedade interfira na capacidade de raciocinar; ser empático e autoconfiante.

Paul Ekman, considerado o maior especialista mundial na análise das emoções e expressões das mesmas, e autor de diversos livros sobre o assunto, pontua a importância do controle emocional para a qualidade de vida do indivíduo e trabalha em prol da identificação e manejo destas.

Segundo Ekman, existem pelo menos quatro competências que podem ser estimuladas para a melhor compreensão e manejo das emoções:

– tornar-se mais consciente de suas ações e antes delas;
– escolher como se comportar para não se magoar, nem magoar o outro;
– tornar-se mais sensível às emoções dos outros;
– usar de forma cuidadosa as informações e ações.

Para tanto é importante conhecer as sete emoções básicas estudadas por Ekman:

– tristeza, raiva, surpresa, medo, nojo, desprezo e alegria.

Segundo estudos neurocientíficos, o período sensível para o desenvolvimento das emoções situa-se entre 3 e 10 anos. O sistema Límbico, responsável pelas emoções, é bastante ativado neste período etário, mas já pode ser “cuidado” pela região pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos, flexibilidade mental, planejamento, dentre outros.

Goleman (1996) enfatiza que a Inteligência Emocional (IE) irá determinar o potencial de um indivíduo para aprender as habilidades práticas que estão baseadas nos seguintes aspectos: autoconhecimento; controle emocional; automotivação; empatia. O que nos explicita a importância de estimularmos e trabalharmos as emoções das crianças para um desenvolvimento mais saudável e proativo. Logo, trabalhar e capacitar as crianças para a competência emocional é fundamental.

Por Adriana Fóz*

adriana-foz *Adriana Fóz é educadora graduada pela Universidade de São Paulo (USP), pós-graduada em Psicologia da Educação (USP), especialista em Psicopedagogia (Instituto Sedes Sapientiae) e Neuropsicologia (CDN-Unifesp). Atende, em consultório, pacientes adolescentes e adultos. Também atende para reabilitação neuropsicológica com parceria interdisciplinar. Coordenadora geral do Projeto Cuca Legal – Programa de Prevenção em Saúde Mental nas Escolas (Psiquiatria/Unifesp). Pesquisadora CNPq em Neurociências na Educação. Consultora e autora de livros.

Ministra cursos e palestras por todo o Brasil sobre temas relacionados à neurociência na educação em suas diversas vertentes. Recentemente leva a palestra “Plasticidade Emocional” para o mundo corporativo, instituições e escolas. Em dezembro de 2012 lançou o livro “A Cura do Cérebro” (Editora Novo Século, 2012), onde narra a sua história de superação após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

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