Dicas — Sala de Psicomotricidade
Matéria publicada na edição 61 | Setembro 2010 – ver na edição online
Trabalho motor abre caminho à aprendizagem.
Desde 2008, o Instituto de Educação e Cultura de Descalvado, ligado a uma cooperativa de Ensino (CEDESC) e situado no Interior paulista, desenvolve um trabalho semanal de psicomotricidade desde o mini-maternal ao 2º ano do Fundamental I. A escola destinou um espaço próprio para as atividades, equipado com túnel centopéia, linha movimento, dominós, caixa tátil, cubos de encaixe, kit espaço, cubo ativo, linhas vazadas, torre inteligente, alinhavo, bolas, cordas, quebra-cabeça, bambolês, baú, fantasias e adereços para faz-de-conta, bonecas e carrinhos, entre muitos outros. “O projeto surgiu da necessidade de darmos mais movimentação e ludicidade à Educação Infantil e anos iniciais do EFI, já que para os pequenos a melhor maneira de aprender é através de atividades lúdicas, desafiadoras e de muito movimento”, observa a coordenadora Alessandra Marineli.
Para a psicopedagoga Lídia Lacava, especialista em arte educação e psicomotricidade, as escolas que oferecem salas e/ou programação na área dão “grande contribuição à alfabetização na pré-escola”. “O trabalho corporal é algo que se perdeu, tínhamos antes a amarelinha, brincadeiras de roda e de pular corda, e hoje vivemos o fenômeno do ‘analfabetismo motor’, de crianças que quase não se exercitam”, lamenta. E a aprendizagem, acrescenta Lídia, está intrinsecamente ligada à experiência corporal, que auxilia os pequenos a desenvolverem a atenção, observação, memória, percepção visual, auditiva e tátil, lateralidade, equilíbrio e localização espaço-temporal. “Essas são as primeiras experiências que situam o sujeito no mundo, em que ele se insere num tempo e espaço com o seu corpo e através dele localiza-se em relação ao outro e aos objetos”, explica.
A coordenadora Alessandra Marineli comenta que os alunos mais dispersos e com dificuldade de aprendizagem, por exemplo, “já começaram a se organizar melhor em sala de aula” desde o início do projeto. “A psicomotricidade estimula as habilidades motoras, perceptuais, cognitivas e afetivas, além da atenção e concentração, necessárias ao sucesso das aprendizagens futuras”, diz. Mas a área é nova e ainda busca o reconhecimento tanto no Brasil quanto no exterior, pondera outra especialista, a professora de Pedagogia e Educação Física Vania Maria Cavallari. “As escolas de educação básica no País estão começando a perceber a importância de o pedagogo entender o que é psicomotricidade, para melhor compreender como as crianças neurologicamente aprendem.” Vânia assessora a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, na região de Santo Amaro, oferecendo suporte na especialidade aos professores do 1º ano do EFI. Ministra cursos na área e é autora de um capítulo sobre o assunto no livro “A Criança de Seis Anos: Teoria e Prática”.
Segundo o professor de Educação Física Luiz Henrique Fleck, do Colégio Santa Amália, com unidades no Tatuapé e na Saúde, a psicomotricidade é um recurso pouco utilizado pelas instituições, mas nas unidades em que dá aula, nas turmas entre dois e cinco anos, utiliza-se de muitos objetos próprios da especialidade, como formas geométricas, cubos vazados, bambolês etc. “Eu os aproveito para montar circuitos, obstáculos e propor desafios, para trabalhar o equilíbrio, a manipulação de objetos e rolamentos, desenvolvendo, por exemplo, a memória visual básica.” Luiz destaca que o retorno proporcionado pelo material “é muito bom” e acredita que no futuro as escolas irão apostar mais neste recurso.
Saiba mais:
Lídia Lacava
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Vania Maria Cavallari
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