Dica — Berçários – Treinamento
Matéria publicada na edição 64 | Dezembro 2010/ Janeiro 2011 – ver na edição online
Atenção à formatura da autoestima dos bebês
As normas de funcionamento das creches e escolas de educação infantil, entre elas questões relativas à formação mínima e treinamento dos profissionais, costumam ficar a cargo dos estados e municípios, prerrogativa a ser mantida pela nova portaria do segmento no País, instrumento conjunto do Ministério da Educação e da Saúde que entrará em vigor nos próximos meses. “Alguns pré-requisitos continuarão sendo impostos em nível municipal”, acredita Damaris Gomes Maranhão, enfermeira e doutora em Ciências da Saúde pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), professora da Universidade de Santo Amaro (UNISA) e do Instituto Superior de Educação Vera Cruz.
Independente, no entanto, das exigências que mudam conforme as particularidades de cada região, formou-se um consenso entre os especialistas de que não há como escapar da capacitação periódica dos profissionais que atuam com crianças entre zero e seis anos. Mais do que os cuidados de puericultura, relacionados à alimentação e higiene, as babás, berçaristas e os educadores devem ter “um mínimo de conhecimento” sobre a psicologia infantil, de forma a realizar as atividades rotineiras em prol do desenvolvimento motor, intelectual, afetivo e emocional dos bebês e crianças pequenas, defende a psicóloga Regina Elia, que há 15 anos ministra cursos na área.
Normas do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, por exemplo, apontam a necessidade de “qualificação, habilitação e nível de escolaridade, devendo a mantenedora ter um plano de atualização e aperfeiçoamento dos recursos humanos” (Deliberação 22/97). Há também a exigência de um quadro mínimo de profissionais graduados em nível superior (Normal Superior e Pedagogia) ou Magistério (curso de nível médio). Paralelamente, recomenda-se que cada professor tenha sob sua responsabilidade no máximo seis crianças até os 12 meses e oito crianças entre 12 e 24 meses, aumentando a proporção conforme a evolução da idade.
Mas a diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo (Instituto Singularidades), Gisela Wajskop, especialista em administração na Educação Infantil, acredita que o desenvolvimento na faixa etária até três anos “ainda é pouco valorizada no Brasil”, apesar de ser “de suma importância para a constituição da personalidade infantil”. É preciso, segundo ela, destinar tempo e recursos financeiros para a qualificação dos funcionários e educadores. Para a psicóloga Regina Elia, há cursos na área da Psicologia que chegam a demandar uma carga horária mínima de 200 horas.
“A berçarista tem que ter noção mínima do desenvolvimento infantil, pois às vezes ela fica até oito horas com um bebê, tornando-se co-responsável na formação do ‘eu’ da criança”, justifica. “Existem técnicas e brincadeiras de estimulação na hora da alimentação, do banho, da troca e demais rotinas diárias, em que ela deve contribuir para a formação da autoestima, explorar o conhecimento do corpo e introduzir hábitos de alimentação saudável e higiene”, diz. Não se pode esquecer ainda da parte sensório-motor, pondera, por sua vez, a pedagoga Margaret Pires, parceira de Regina Elia. Entre o 3º ou 4º mês e os dois anos, fase em que fica no berçário, o bebê precisa ser estimulado, de acordo com o seu crescimento, a usar as mãozinhas, sentar, engatinhar, andar e a desenvolver o equilíbrio, o que pode ser feito por meio de brincadeiras, uso de objetos sonoros, música, contação de histórias e diálogos, enumera Margaret.
Saiba mais:
DAMARIS GOMES MARANHÃO
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GISELA WAJSKOP
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MARGARET PIRES
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REGINA ELIA
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