Dica — Papel Reciclado
Matéria publicada na edição 46 | Março 2009 – ver na matéria online
Arte e criatividade na formação cidadã.
Por Rosali Figueiredo
Reciclar uma simples folha de papel pode despertar na criança um novo olhar para a vida, tornando-a capaz de fazer diferentes leituras do que acontece ao seu redor e de transformar a sua realidade. De maneira geral, este é um dos benefícios que a educação pela arte traz sobre os alunos, afirma Ariane Hecht, professora de Educação Artística e pós-graduada em História da Arte. Mas quando ela vem acompanhada pela reciclagem ou pela reutilização de diversos tipos de materiais, as atividades artísticas podem gerar uma consciência ambiental e social entre as crianças. “Em uma atividade de reciclagem de papel, por exemplo, a criança passa a associar o papel à celulose, esta à árvore, entendendo que reaproveitar significa preservar a árvore”, observa a arte-educadora.
As oficinas de reciclagem de papel ganham cada vez mais espaço nas escolas, como parte de um processo de conscientização pautado em três “erres”, explica Hecht: a redução (quando uma nova função é dada a um papel já utilizado, como, por exemplo, um bloco de anotações feito com o verso dos panfletos); a reutilização (caixas de medicamentos podem ser trabalhadas e transformadas em brinquedos); e a reciclagem. “Com essa consciência, o aluno percebe que reduzindo a quantidade de lixo e preservando matas e florestas, teremos um mundo melhor. E isso repercute em casa”, destaca Ariane Hecht.
Na Escola Stance Dual, localizada na região central de São Paulo, as atividades desenvolvidas em sua recicloteca fazem parte de um projeto maior, o Agenda 21. Segundo Débora Regina Pires Moreira, coordenadora pedagógica da escola e do projeto, a proposta “é formar um cidadão que saiba atuar com a visão do que seja sustentável, com consciência social, cultural e ambiental”. O Agenda 21 está baseado nas resoluções da ECO 92, encontro ambiental realizado no Rio de Janeiro e que produziu um documento com 21 tipos de ações voltadas à preservação ambiental.
A recicloteca de papel do Stance Dual é um dos diferentes programas que a escola desenvolve com esse enfoque. Ela atende aos alunos do Ensino Fundamental II como atividade extracurricular e recentemente produziu um cenário de papel reciclado para o teatro de fantoches da escola, além de blocos de anotações, que foram vendidos em uma feira cultural, com renda revertida para uma creche do bairro.
O processo da reciclagem é relativamente simples. A arte-educadora Ariane Hecht explica que o papel deve ser todo picado e ficar de molho na água de um dia para o outro. Depois, ele é processado (de preferência em um liquidificador industrial). Para cada medida de papel, são introduzidas duas medidas de água, explica. O processamento dá origem a uma massa, que deve receber cola líquida para dar liga. A massa é então distribuída sobre telas, que peneiram a polpa de papel, retirando o excesso de água. O papel fica prensado nesta base e depois de secado sob o sol, pode receber o acabamento final, como pinturas e desenhos. Folhas secas também poderão ser utilizadas durante o processo de prensagem para a decoração do material.