Liderança, segurança e o medo do novo
Não somente os homens, mas alguns mamíferos e aves sociais sentem-se seguros quando liderados. É um sistema eficaz evolutivo de proteção em que o líder, macho ou fêmea, dependendo da espécie, defende o restante do grupo de predadores, os conduz na busca de alimentos, na divisão de tarefas e nos processos migratórios.
Esta estratégia de sobrevivência está enraizada no DNA do ser humano desde a pré-história até os dias de hoje e tem assegurado a sua sobrevivência. Desta forma, a etologia explica que, quando liderado, o homem sente-se mais seguro para tomar a iniciativa assim que se depara com uma situação nova.
O homem adulto tem muita dificuldade em sair da zona de conforto e experimentar o novo. As mudanças climáticas que aconteceram na África meridional pré-histórica transformaram a vegetação da região extinguindo grande parte da alimentação dos homens primitivos.
Em busca de alimentos, os homens iniciaram o processo migratório. Nessa mudança de ares, conheceram novas localidades e estiveram em contato com predadores desconhecidos, desenvolvendo o medo do novo como sistema de proteção, conhecido como zona de conflito, mudança psicofisiológica que continua latente até os dias de hoje.
O corpo do homem em zona de conflito gera respostas físicas e mentais se preparando para o embate. O fluxo sanguíneo diminui de intensidade no cérebro e nos órgãos digestivos e sensoriais e é direcionado para a musculatura, a temperatura do corpo é aquecida, a quantidade de açúcar no sangue é aumentada, habilitando o corpo para determinadas exigências do meio ambiente. Se a zona de conflito permanecer por muito tempo, pode ocorrer o estresse, isto é, o corpo começa a se desgastar mais rapidamente que o normal. Neste momento, um dispositivo de segurança faz com que o ser humano saia do meio ou situação que está lhe fazendo mal e volte para a zona de conforto e segurança.
Também existe uma grande chance de um professor, ao se movimentar em direção a uma situação nova (meritocracia, monitoramento em sala de aula, análise de desempenho), entrar em zona de conflito e seu cérebro primitivo pedir para ele retroagir para sua zona de conforto original.
Porém, quando acompanhado, o professor sente-se confiante em sua capacidade de experimentar ou adquirir um novo hábito, pois não está sozinho nesta empreitada. Ao seu lado existe uma pessoa com conhecimento e liderança para acompanhá-lo, ensiná-lo e apoiá-lo ao longo de uma nova experiência.
Liderança individual e coletiva – Quando pensamos em liderança, logo vem à mente a imagem de um mestre e seus asseclas ou um líder e sua equipe. Este tipo de liderança coletiva em que um indivíduo está à frente de um grupo maior é mais visível e fácil de identificar.
A coordenação exerce a liderança coletiva quando reúne o seu corpo docente nos momentos de planejamento estratégico no início de ano e virada do semestre, nas reuniões de monitoramento semanais e nas atividades meritocráticas. Nestas situações, a liderança coletiva tem o papel de transformar um grupo de pessoas em uma equipe de alta performance, em busca dos mesmos resultados, de forma segura e motivada.
Outra forma de liderança é a individual em que a coordenação influencia todos a sua volta desde o momento que entra na escola até a hora de ir embora. No dia a dia os coordenadores inspiram e influenciam o corpo docente em suas atividades através de seus atos, vínculos e postura.
A liderança individual está ligada à lapidação de pessoas com o objetivo de promover a sensação de confiança para que os colaboradores possam evoluir sem estresse, através de uma comunicação eficaz, do uso de processos decisórios participativos, gerenciamento de conflitos, meritocracia extrínseca e intrínseca, negociação de acordos e apresentação de ideias.
Liderar uma pessoa é mais difícil e complexo que liderar uma equipe, pois necessita de uma grande inteligência emocional. A tendência natural do ser humano é dar mais atenção às pessoas por quem temos mais apreço e afinidade em detrimento das demais.
Desta forma, a liderança individual pode ser tendenciosa, protecionista e desequilibrada comprometendo a liderança coletiva e a formação de uma equipe coesa. Ou pior, afetar o desempenho e até mesmo o emocional de um colaborador que, por ser mais tímido ou reservado, não se aproxima da coordenação e se sente desprezado.