Aprendizagem Vivencial: como perceber potencialidades, desejos e possibilidades
Educação e Cidadania
Adriana Ferreira
Consultora Organizacional, Coach e Professora da Disciplina “Dinâmicas de Grupos: Aprendizagem Vivencial” do curso Formação de Professores em Didática e Gestão Educacional do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), www.ipog.edu.br
O que é essa tal de “Dinâmica Vivencial: Aprendizagem Vivencial”? Muitos a denominam como sendo apenas brincadeiras; outros, ao entenderem o processo que a sustenta, o CAV (Ciclo de Aprendizagem Vivencial), percebem a importância e a profundidade desta forma de aprender.
A Aprendizagem Vivencial é um processo experimental, realizado em grupo e individualmente. Em grupo porque os objetivos de aprendizagem podem ter pontos específicos a serem desenvolvidos por aquele grupo, por aquela organização; e individual porque apesar de ser uma atividade em grupo, e esta reverbera estimulando as pessoas a realizarem mudanças pessoais.
O Aprender é um processo natural do ser humano, é o fluir natural da vida. As pessoas encontram-se em processo de aprendizagem contínuo através de experiências que resultam em conhecimento, habilidades e comportamento. O grande desafio é usufruir das experiências como referencial de aprendizagem para novas ações.
A pergunta para um facilitador da aprendizagem, o Professor, deve ser: como posso facilitar o aprendizado do adulto, como levá-lo a perceber suas potencialidades, seus desejos, suas possibilidades?
Acredito que a aprendizagem que reúne prazer, verdade e permanência é a experimentação. Os adultos precisam viver, experimentar, perceber a aplicação na sua vida dos conceitos apresentados. Na experimentação, usamos todos nossos sistemas representativos (visão, audição, olfato, tato). Entendo também que a emoção é fator preponderante nessa experimentação, o “experimentar humano” passa pelo corpo, por seu movimento e todas as atividades vivenciais contemplam o movimento.
Para ficar mais didático utilizamos o Ciclo de Aprendizagem Vivencial criado por David Kolb, um método que possibilita a reflexão sobre a atividade na busca de um aprendizado efetivo, que resulte em mudança de comportamento. São quatro as etapas básicas do ciclo: Vivência, Processamento, Generalização e Aplicação.
A Vivência é a experimentação, uma atividade lúdica e motivacional. O aluno/participante é desafiado, é estimulado a expressar seus conhecimentos, habilidades e sentimentos. A atividade é em grupo, mas cada participante colabora com suas iniciativas, com suas percepções e realidades. Esse é um momento muito rico para o grupo, pois auxilia o entendimento da diversidade, amplia a tolerância e estimula a busca de pontos convergentes.
O Processamento é a etapa da reflexão e observação: ter a noção de que somos observadores diferentes da realidade, e que cada realidade é válida e aumenta o entendimento de todos. O facilitador propõe alguns questionamentos aos participantes, estimulando a percepção das reações e sentimentos manifestados durante a experimentação. É o momento de analisar e avaliar os desempenhos com relação aos resultados obtidos, pontos positivos e negativos.
A Generalização é a etapa do ciclo em que o facilitador estimula o grupo a pensar nas correlações com o dia a dia na empresa, com a vida real, o concreto. Neste momento, é importante que os participantes percebam que não é simplesmente uma brincadeira e que os aspectos lúdicos da atividade fazem parte deste processo de aprendizagem vivencial. Aplicação é o momento de questionar o que se aprendeu e como refazer suas ações mais alinhadas ao aprendizado obtido. Este momento é crucial e cabe ao facilitador demonstrar que as contribuições individuais devem ser respeitadas e acolhidas.
O Papel do Facilitador é crucial na condução da atividade e seu resultado, aprender a conduzir grupos neste tipo de aprendizagem requer um compromisso consigo mesmo de estar sempre aberto ao novo, de entender que as soluções são diversificadas e amplas.
O nosso propósito é proporcionar ferramentas para que o professor possa aplicar as atividades em grupo, e em especial mostrar como somos a ferramenta de aprendizado do SER HUMANO, como podemos ser e dar suporte para mudanças profundas. Convido você a ser um aprendiz, a se permitir sentir e aprender de várias formas.