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Guia para Gestores de Escolas

Conversa com o Gestor — Colégio Giordano Bruno: uma escola que respira ciência

img158Uma das marcas centrais do Colégio Giordano Bruno acaba de romper fronteiras: alunas do Ensino Médio foram recentemente a Milão e Estados Unidos apresentar pesquisa científica desenvolvida na escola. É o coroamento a um projeto diferenciado de quase 20 anos de vida, baseado no trabalho em equipe, em decisões coletivas e em uma estrutura de ensino articulada ao fazer científico.

A palavra “sonho” permite diversas interpretações na Língua Portuguesa, entre elas, a conotação de “visão”, que remete a algo promissor, à possibilidade de se sonhar um futuro e trabalhar por ele. É o sentido que os fundadores do Colégio Giordano Bruno costumam dar quando falam do “sonho” que levou ao nascimento e permeou a trajetória da escola nos últimos 19 anos. “O projeto foi iniciado com dez professores que tinham o sonho de conduzir uma estrutura educacional da maneira como acreditavam”, relata Andrea Tamaro Costa, coordenadora do Fundamental I. Andrea acompanhou o processo desde o início e lembra que o primeiro slogan do colégio foi “Escola criada e administrada por educadores”. Ele se mantém até hoje.

Na época, os precursores do Giordano Bruno davam aulas em outras instituições e possuíam muito prestígio no Butantã, zona Oeste da cidade de São Paulo. Isso os impulsionou a lançar a nova experiência educacional da região, de nome inspirado no filósofo, cientista e astrônomo Giordano Bruno (1548-1600). “A intenção nunca foi criar uma escola de grande estrutura, o foco não era lançar um negócio, mas um projeto educacional que pudesse se manter sustentável. Nossa ideia foi sempre conhecer cada aluno e pai pelo nome”, observa Andrea.

Nivaldo Canova, professor de História, diretor e um dos fundadores do Giordano Bruno, reitera que a expectativa era construir uma escola que trabalhasse a “autoria e autonomia” dos alunos. “Isso, há 19 anos, era desafiador”, compara Canova, diferente dos tempos atuais, em que existe uma compreensão maior na área educacional “de que esse fazer pedagógico se dá dentro da escola mesmo”.

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DNA CIENTÍFICO E PARTICIPATIVO
A escola chegou aos 300 alunos, expandiu seu espaço físico (se estabeleceu em uma ampla área às margens da Rodovia Raposo Tavares) e consolidou uma proposta única, atualmente reconhecida entre organizadores de feiras científicas como a Mostratec (Mostra de Ciência e Tecnologia realizada anualmente no Rio Grande do Sul, com apoio dos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia e de instituições da França e Estados Unidos) e a Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, promovida pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).

Além da matriz curricular, aulas extracurriculares e cursos livres, o Giordano Bruno incorporou a produção científica e o trabalho coletivo interdisciplinar ao seu projeto pedagógico. Outra particularidade é a Tribuna Livre, espaço em que alunos e professores se encontram para debater e/ou decidir assuntos pertinentes ao dia a dia escolar. Há um grêmio estudantil atuante, além de uma programação extracurricular enriquecida com feiras anuais de ciências, mostra cultural, musicais, do livro, saraus, viagens de estudos do meio e participação nos encontros científicos e olimpíadas do conhecimento.

São recursos que procuram dar sentido a dois dos propósitos básicos do Giordano Bruno, a autonomia e autoria. Na prática, “o fazer científico” funciona como uma espécie de eixo que alinhava o desenvolvimento paulatino dos ciclos escolares e dos alunos. Esses decidem em conjunto com a escola o tema anual de seus projetos, os quais encontram o ponto culminante na Feira de Ciências (do Fundamental II e Ensino Médio). Em 2011, o tema foi “alimento”, que resultou em estudos sobre obesidade, anorexia, alimentos transgênicos ou no modelo de recuperação nutricional da população de rua de São Paulo, projeto levado a Milão e aos Estados Unidos.

Tudo começa de maneira mais estruturada no 7º ano. Até lá, ou seja, do Fundamental I ao 6º ano, os alunos se envolvem em projetos interdisciplinares que desembocam em uma Mostra Cultural. Já no 7º ano, eles iniciam estudos que envolvem a metodologia científica. No caso destes, com experimento em laboratório articulado ao conhecimento teórico. No 8º ano, os adolescentes são orientados a selecionar pesquisa desenvolvida por alguma universidade, compreender seus impactos e apresentar os resultados apurados. No 9º ano, formam o Clube do Conhecimento e são desafiados a desdobrar determinado achado em três subáreas – Linguagem, Ciências Humanas e Ciências Naturais. Todos possuem um diário de bordo, contendo a programação do semestre, as observações dos experimentos, os critérios e os resultados de avaliação. A escola reserva uma hora aula semanal de sua estrutura curricular para que os estudantes tenham contato com professores orientadores.

No 1º e 2º ano do Ensino Médio, a abordagem se aprofunda e resulta em trabalhos de monografia, com processos de qualificação da pesquisa e defesa dos resultados finais diante de uma banca de professores convidados de outras instituições. Os melhores são levados aos encontros científicos de âmbito nacional e, agora, internacional. O 3º e último ano atua como coorientador dos ciclos anteriores, mas ao mesmo tempo se envolve em novas frentes abertas pela escola, como a feira de profissões e os simulados preparatórios para o Enem e os vestibulares.

A MATEMÁTICA DO NEGÓCIO
No Giordano Bruno, a maior parte dos professores tem pós-graduação. E o orçamento do colégio apresenta um desafio extra, afirma o diretor Nivaldo Canova. Enquanto as mensalidades se encontram em um patamar médio se comparado às demais instituições da região, a faixa salarial dos docentes se nivela pelo alto. Os mantenedores, sete no total (dos dez iniciais), são remunerados apenas pelo trabalho que exercem na escola. Para manter o equilíbrio orçamentário, é feito controle mensal rigoroso das despesas. A alternativa da instituição é apostar na expansão, acredita Nivaldo Canova. O Giordano Bruno possui estrutura física capaz de comportar aumento de até 50% no número de alunos, no entanto, Nivaldo projeta, num primeiro momento, um crescimento de 20% para 2013. Outra estratégia em discussão é ocupar os espaços ociosos no período noturno, anuncia Nivaldo, que conta hoje com o auxílio de uma gestora administrativa, a jovem Gabriela Correa, administradora pós-graduada em Gestão Escolar.

SUCESSO NAS FEIRAS DE CIÊNCIA
As estudantes Flávia Araujo de Amorim, Julia Generoso Gonzales e Thais May Carvalho são as autoras do trabalho científico “Os Rituais Alimentares Coletivos e Suas Implicações nas Relações Sociais: Um estudo de caso com pessoas em situação de rua”, que as levou a Milão (Itália), no FAST (I Giovani e Le Scienze/O Jovem e a Ciência); e a Pittsburgh (Estados Unidos), no ISEF (The Intel International Science And Engineering Fair), em abril e maio deste ano. Elas viajaram acompanhadas pelo diretor Nivaldo Canova. Para o compromisso em Milão, os pais assumiram metade das despesas. Nos Estados Unidos, o evento foi custeado integralmente pelo ISEF.

A ESCOLA 

Localização: Jardim Pinheiros, Rodovia Raposo Tavares (bairro do Butantã, zona Oeste de São Paulo)

Ciclos escolares: Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio

Regime de aula: Meio período, com cursos livres (Literatura e Geopolítica, por ex. / sem custo adicional) e extras (vôlei, futebol, teatro e capoeira) oferecidos no horário invertido

N˚ de alunos: 300

Equipe: 38 professores (eles contam com apoio de 2 assistentes de coordenação, 1 gestor cultural, 1 técnico de laboratório, 1 coordenador de informática, 1 apoio pedagógico e 1 profissional multimeios)

Equipe gestora: Diretor, duas coordenadoras e gestora administrativa

Equipe de apoio: 3 inspetores de alunos, 2 funcionários administrativos e 8 profissionais operacionais (encarregado predial, limpeza, portaria e manutenção). A segurança noturna é terceirizada

Mensalidades: entre R$ 866,43 (Fundamental I) e R$ R$ 988,46 (Ensino Médio)

Instalações: com área total de sete mil metros quadrados, o colégio disponibiliza, como estrutura extra, sala de música, laboratório de informática e a Tribuna Livre (espaço coberto dotado de palco, onde são realizadas as assembleias com os estudantes).

Por Rosali Figueiredo
Fotos Tainá Damaceno

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