Gestão Escolar — Como organizar um plano de investimentos na área educacional: estratégias, recursos e prioridades
Matéria publicada na edição 89 | Junho e Julho 2013 – ver na edição online
Instituições de ensino sempre tiveram peculiaridades em relação a outros mercados, mas quanto aos investimentos elas não podem agir de maneira diferente. Também precisam planejar em longo prazo.
Tudo começa com o preço. Muitos gestores não lidam de maneira correta com este fator, no entanto, o preço da mensalidade é o item mais importante para uma boa caminhada. Ele não pode ser baixo (para evitar prejuízos), nem alto demais (o que causaria descontentamento na relação custo e benefício).
Não basta apenas jogar um preço aleatório ou tentar ser competitivo com os vizinhos, é preciso ter um planejamento, uma análise de custos efetiva para se tomar a decisão de quanto cobrar.
Além disto, a Lei Federal 9.870/99 dispõe sobre o valor das anuidades escolares e regulamenta seu reajuste, determinando claramente que o mesmo seja acompanhado da planilha de custos. Sem a esta análise, a escola corre o risco de receber multas de órgãos como o Procon, quando acionados pelos pais.
De qualquer maneira, a preocupação não é apenas de ordem legal e burocrática: imagine a consequência de se reajustar as anuidades abaixo da real necessidade da escola? O resultado seria um potencial prejuízo ou perda na margem de lucro, e caso ocorra o contrário, se o reajuste for acima demais, em longo prazo passará a oferecer um serviço abaixo da expectativa das mensalidades.
A análise dos custos deve considerar:
CUSTO TOTAL DE FOLHA + DESPESAS ADMINISTRATIVAS + IMPOSTOS
Nº de ALUNOS
Assim o gestor consegue calcular um preço médio ideal, obtendo, portanto, o reajuste necessário e justificável.
Mas atenção! Não podemos olhar para o custo mensal da folha e esquecer encargos e provisões necessárias, como FGTS, férias, 13º, rescisões contratuais etc. Nas escolas enquadradas no Simples Nacional, trabalhamos com uma margem de 45% para a folha de pagamento, contemplando todas estas obrigações.
Feitas as ponderações, chega-se ao custo por aluno geral, mas este pode ser feito também por nível (Infantil, Fundamental e Médio) ou mesmo ano. Quanto mais informações tiver sobre a saúde de cada curso, mais o gestor poderá estabelecer o reajuste ideal para sua escola.
Com isso será possível identificar eventuais problemas na distribuição da receita, permitindo tomadas de decisões e ajustes nos gastos e investimentos. O gestor poderá ainda investir na estrutura pedagógica e física da instituição.
Onde investir. Mas de nada adiantará sentar para discutir onde investir se ainda não existir um foco maior na vida da empresa. Por exemplo, uma escola que foca em sustentabilidade, deverá investir em projetos dessa área, e assim por diante.
Muitas empresas colocam o objetivo da lucratividade acima de suas atividades principais, e isso não é diferente nas instituições de ensino. É preciso, entretanto, entender que o dinheiro deve ser consequência de seus atos.
Realizar um planejamento de ações, alinhado aos objetivos de longo prazo e à estratégia de negócio, é a única via de sucesso de qualquer instituição. O que dependerá também da percepção gerada sobre os clientes. Estes possuem emoções, expectativas e esperanças sobre o serviço e, a relação entre esta expectativa e aquilo que ele percebe, é o que chamamos de valor.
Por Alan Castro Barbosa
Alan Castro Barbosa é coordenador de cursos e palestrante em gestão de marketing e serviços para a área escolar. Colaborador do site da Revista Direcional Escolas e da página www.administradores.com.br.
Mais informações: [email protected]