Destaque — Escolas: Em busca da segurança
Matéria publicada na edição 01 | Fevereiro 2005 – Ver na edição online
Nos dias atuais, oferecer um ambiente seguro é essencial para as escolas.
Um reduto de paz e tranqüilidade dentro das cidades. Esse, pelo menos, é o desejo dos pais em relação às escolas – que elas ofereçam segurança a seus filhos. Como em outros segmentos da sociedade, as escolas estão se aparelhando contra as ameaças da crescente violência urbana. Para proporcionar segurança aos alunos, é adotado um conjunto de soluções, como circuitos fechados de TV, vigilantes treinados e acesso controlado.
Na opinião de José Augusto de Mattos Lourenço, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEEESP), antigamente os pais procuravam a escola dos seus filhos visando em primeiro lugar a qualidade do ensino. “Hoje, além da qualidade, as famílias estão preocupadas com a segurança do filho”, afirma. Para atender a essa expectativa, os colégios instalam câmeras, especialmente nos limites da construção, e até dentro dos prédios, em quadras, corredores e pátios. “A presença de câmeras tem melhorado inclusive problemas de disciplina”, relata. Algumas instituições até disponibilizam essas imagens para os pais, via Internet. A possibilidade dos pais poderem visualizar o dia-a-dia da criança é utilizada em sua maioria pelos segmentos de educação infantil e berçários.
Já nas áreas externas, a maior parte das escolas terceiriza a segurança para empresas especializadas. Os vigilantes podem agir inclusive com apoio de motos e carros para inspeção da vizinhança do colégio. Para os espaços internos, a preferência é por treinar os próprios inspetores, que já conhecem as famílias e os alunos. O controle de acesso é outro fator importante: uma opção são as catracas eletrônicas com cartões magnéticos. A entrada só é liberada para quem possuir o cartão. Até o transporte escolar precisa entrar na onda da segurança, com o rastreamento via satélite da frota de veículos. “As escolas estão investindo em segurança porque é uma necessidade e também uma exigência das famílias. É uma maneira delas não perderem esses alunos”, constata Lourenço.
Além de equipamentos, outra forma de garantir a integridade de seus alunos é proporcionar atividades extras dentro da própria escola. Cursos de natação, línguas, informática, entre outros, são oferecidos dentro ou fora da grade curricular. “É uma maneira de o aluno ficar mais tempo dentro da escola, evitando locomoções. Os pais entregam os alunos em segurança para a guarda da instituição”, complementa o presidente do Sindicato.
Do pessoal à estrutura
Na Escola Arte de Viver, localizada no bairro da Lapa, em São Paulo, é norma impedir que os alunos saiam antes do término das aulas. Mesmo para alunos do ensino médio, que podem ter autorização dos pais para saírem sozinhos no final das aulas, não são abertas exceções. “A autorização é dada apenas para que o aluno deixe a escola desacompanhado no horário da saída. Antes disso, a responsabilidade sobre ele é nossa”, afirma Maria Angela Alves Dardes, sócia da escola com Annita B.C. Nunes Alves e Maria Helena C.N. Alves Smit.
A Arte de Viver está instalada há 20 anos no mesmo local e tem cerca de 200 alunos, da educação infantil ao ensino médio. Apesar de ser uma escola pequena, o cuidado com a segurança também existe. “Fizemos uma pesquisa com os pais e percebemos que a maior preocupação deles é em relação ao horário de entrada e saída dos alunos”, comenta Angela. Há a necessidade de uma figura masculina no portão, principalmente no final da tarde, quando os horários de saída são escalonados para as turmas de educação infantil, 1ª a 4ª série e para as crianças que freqüentam as aulas extras. Por isso, foi contratado um funcionário para essa função, e que também é inspetor de alunos para a turma de 5ª a 8ªsérie e ensino médio, de manhã.
Numa recente reforma da fachada, foram instalados holofotes sobre a placa para garantir uma boa iluminação, principalmente no inverno, quando já está escuro no horário de saída das crianças, e também para a turma do supletivo que freqüenta a escola à noite. Fora dos horários de entrada e saída, há o controle de acesso dos visitantes através do interfone, visualizando a portaria por uma câmera localizada na secretaria.
Pequenas ou grandes, cada uma a seu modo, não há escola que não se preocupe com a segurança, seja patrimonial como dos próprios alunos. No Colégio Humboldt, que ocupa uma área de 61 mil metros quadrados na zona sul de São Paulo, uma empresa de segurança contratada faz vigilância externa 24 horas. À noite, quando não há mais alunos nem funcionários na escola, cachorros treinados são soltos pela escola. Segundo Ilse Sparovek, da gerência financeiro-administrativa do Humboldt, apesar de terceirizados os vigilantes são escolhidos a dedo. “Eles devem ser pessoas preparadas para lidar com alunos e pais”, constata. A escola planeja a instalação de câmeras, especialmente na portaria e em locais estratégicos, para auxiliar a vigilância. Para ter acesso ao interior da escola nos horários de entrada e saída, os carros dos pais precisam portar um adesivo de identificação. Há um estacionamento interno com 250 vagas, já que os pais de crianças da educação infantil devem seguir a norma de retirar seus filhos na própria sala de aula.
Com 1.300 alunos, da educação infantil ao ensino profissionalizante, a Humboldt ocupa há cinco anos um novo campus em Interlagos. A construção foi subsidiada com recursos vindos da Alemanha e, portanto, rigorosamente fiscalizada. Ilse faz questão de frisar que as normas alemãs para garantir a segurança dos usuários são muito rígidas. As rotas de fugas foram detalhadas, com corretas especificações de rampas, larguras de portas e corredores, entre outros itens. Duas vezes por ano, é feito um treinamento de evacuação do prédio no caso de situações de emergência. Um exemplo de que a segurança é um conceito amplo, que deve ser tratado com muito cuidado pelas escolas.