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Guia para Gestores de Escolas

Dica – Brinquedos Pedagógicos

Matéria publicada na edição 108 | Maio de 2015- ver na edição online

A Arte de Brincar
Por Rafael Pinheiro
Quando começamos a refletir sobre a educação, em si, e as diversas problematizações que cercam e desdobram diariamente no cotidiano de tantas instituições de ensino, focamos, em caráter imediato, o ensino, o aprendizado, a lição de casa e o conhecimento. E claro que todo ensino é transformador, relevante e necessário, mas, se pensarmos na estruturação educacional como um complexo de multi fatores, diagnosticaremos outros requisitos tão importantes como o aprendizado – o desenvolvimento através da brincadeira, por exemplo.
A arte de brincar possui um papel fundamental no desenvolvimento cultural da criança. Embora o tema seja considerado relevante pelos especialistas em educação infantil, nem sempre a brincadeira é utilizada no cotidiano pedagógico das instituições responsáveis pela educação da infância.
Todo brinquedo, jogo ou brincadeira propostos para as crianças levam ao desenvolvimento cognitivo, desde que planejados e pensados com critério. “Quando se faz um jogo de movimento corporal, a criança está explorando, vivenciando e aprendendo uma série de coisas que a ajudarão a compreender o funcionamento de seu corpo e seus limites”, diz a professora Roseclair Rodrigues.
A fonoaudióloga e doutora em educação Adriane Kroeff acredita que as bases essenciais para o desenvolvimento das múltiplas linguagens estão pautadas no desenvolvimento humano e encontram na ludicidade suas diferentes formas de expressão. “O brinquedo é uma ferramenta que proporciona através do seu uso, ou seja, do brincar, construir e reconstruir significados possibilitando simular a vida real e oportunizar errar, arriscar, tentar de novo, mudar, arriscar, criar, inventar. Dessa forma, a criança, em seu desenvolvimento se apropria de conceitos na construção do seu EU”, destaca.
Compreender a importância da brincadeira no programa diário de ensino é uma maneira de fomentar elementos lúdicos e, consequentemente, fluído: aprendendo e se divertindo. “É importante não só estabelecer um tempo para brincadeiras como a educação deve ser pautada na ludicidade, pois sabe-se que além de ‘aprender brincando’ ser muito divertido, o aprendizado é também mais efetivo”, ressalta Adriane.
Segundo a especialista, em uma aula tradicional, a criança retém 5% do aprendizado e uma aula com utilização de brincadeiras e jogos, a retenção passa para 85%, ou seja, a diferença é significante. “Cada vez mais temos professores e escolas ampliando sua visão e abrindo espaço para a Educação Lúdica no Brasil, mas ainda enfrentam também muitas barreiras, pois muitos pais, por manterem a referência de como estudaram e não estarem esclarecidos sobre o assunto, pensam que brincar em sala de aula, não é aprender”.

VAMOS BRINCAR?
Na educação infantil, existem muitos materiais e brinquedos intensamente utilizados. Alguns são mais comuns, como: Torre de Formas Geométricas, Material dourado, Blocos de encaixe, Quebra-cabeça silábico e Jogo Ludo. “Alguns jogos são usados em várias séries com dificuldades diferentes. Um exemplo é o jogo da memória, que pode ser usado desde o maternal, porém com temas, formas, figuras, materiais e quantidades de peças adequadas à idade e ao conteúdo que ser quer trabalhar”, diz a professora Roseclair Rodrigues.
Existe uma classificação didática que divide os brinquedos por área de desenvolvimento e classifica os brinquedos para o desenvolvimento intelectuais em:
Brinquedos de Despertar: trabalha a descoberta, a atenção, observação-escuta, registro, manipulação.
Brinquedos de Aquisição: trabalha o aprendizado prático, aprendizado didático, cópia, repetição, limitação, concentração;
Brinquedos de Raciocínio: trabalha o reconhecimento, combinação, experiências, dedução, comparação, atividades operatórias, atividades lógicas, estratégias.
Recentemente, uma discussão e reflexão densa sobre os impactos da segregação dos gêneros na sociedade, elucidou um novo olhar sobre os tratamentos direcionados especificamente a brincadeiras (e brinquedos) de garotos e de garotas. Assim como as esferas sociais mudam, evoluem e constróem outros valores e perspectivas humanitárias, o reflexo na educação é indiscutível.
A professora Roseclair Rodrigues acredita que a criança brinca com o que lhe é oferecido e o preconceito geralmente parte do adulto. “Algumas vezes a criança já traz o interesse por um brinquedo ou outro, por uma cor ou outra, mas o professor e até mesmo os pais devem mostrar naturalidade e permitir que a criança experimente todos os brinquedos, independente do gênero para o qual foi feito sempre que ela quiser. Isto faz parte do jogo simbólico e permite que a criança construa seus conhecimentos baseados na prática e na experimentação, sem constrangimento ou preconceito. Com o tempo ela mesma vai classificando e escolhendo seus brinquedos preferidos”.
DIVERSÃO SEGURA
É necessário observar certas características de segurança ao adquirir um brinquedo pedagógico, como a faixa etária indicada no brinquedo, se é de boa qualidade, pois as crianças usarão intensamente, se é aprovado pelo INMETRO e se corresponde ao objetivo proposto de forma clara e eficiente.
De acordo com a especialista Adriane Kroeff, a maior segurança deve ser através do acompanhamento e observação dos pais ou adulto que está junto com a criança, além de observações e precauções como tintas tóxicas, pontas e arestas, peças que podem se soltar.
“Com os bebês, o cuidado deve ser ainda maior, pois, levando tudo à boca, correm o risco de engolir ou engasgar-se com uma pequena peça que se desprenda até de uma roupa. Outro fato importante é descartar a embalagem, pois os sacos plásticos podem provocar sufocação se levados à boca ou enfiados na cabeça. É melhor evitá-los. Nem sempre será possível atender a todos estes pré-requisitos para fazer uma escolha. Mas, pelo menos é indispensável considerar e ficarem atentos”, finaliza.
(RP)

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