fbpx
Guia para Gestores de Escolas

Dica – Berçários Construindo ambientes

Por Rafael Pinheiro

A estrutura escolar, observada através de um certo distanciamento, carrega em sua jornada uma série complexa de objetivos, envolvimentos intrínsecos, desdobramentos diários, sensações de pertencimento, conhecimento de si e do outro, convivência social e uma lista extensa de valores que são agregados à medida que o aluno cresce e avança em seu ensino.

Tendo como base um circuito educacional denso, composto por vários anos (desde a educação básica até o ensino superior), notamos a presença e a inserção precoce de alunos nas escolas. Estes alunos adentram os espaços dos berçários que, geralmente, recebem bebês a partir dos quatro ou cinco meses de idade. Assim, é preciso avaliar certos requisitos dos berçários, sua função pedagógica, de higiene, cuidado e segurança.

“O pré-requisito indispensável para garantir um ambiente agradável e tranquilo no berçário é, sem dúvida, imprimir um caráter educativo. É preciso equacionar cuidados físicos e educacionais. Não adianta ser impecável nos cuidados com o bebê no período em que ele está na escola e não acolher e orientar a mãe, por exemplo”, afirma Cláudia Tricate, psicóloga e diretora pedagógica do Colégio Magno/Mágico de Oz, localizado em São Paulo.

Pensando nisso, o Baby Oz (berçário-referência que está integrado ao projeto do Magno/Mágico de Oz) realiza, ao longo do ano, Encontros Pedagógicos – com o intuito de promover a interação dos pais com o berçário, além de esclarecer dúvidas e conhecer o trabalho dos profissionais que cuidam diariamente de seus filhos.

“Convidamos o especialista em Motricidade Humana da escola para explicar a importância dos estímulos para o desenvolvimento global do bebê; a psicóloga esclarece dúvidas sobre o desenvolvimento emocional da criança; a fonoaudióloga aborda os aspectos que influenciam a linguagem; e a pediatra da escola, responsável por orientar as babás e toda a equipe de enfermagem do Magno/Mágico de Oz, também fala com os pais sobre fatores que interferem na saúde da criança e os cuidados do Baby Oz com o bebê, como a higienização de brinquedos, controle de vacinas e avaliações da enfermagem e da pediatra”, explica Cláudia.

Além da aproximação dos pais nos cuidados do berçário, a formação de equipe, conta Cláudia, deve ser tão coesa quanto o trabalho com os bebês. “Nós percebemos que a partir de uma capacitação as babás modificam a concepção e levam o conhecimento adquirido não só para o dia a dia no berçário, mas para a vida”. A capacitação acontece em diferentes áreas do conhecimento e faz parte da rotina de todos os profissionais da escola. No caso das babás, elas não aprendem apenas sobre os cuidados com o bebê e higienização, mas também de capacitação nas áreas de música, artes, desenvolvimento motor, entre outras.

“Em 2016, estreamos um novo formato de capacitação, que é bastante comum no mundo corporativo: dramatizações e esquetes de situações do cotidiano das babás. Após cada esquete, as representações davam lugar às intervenções da psicóloga, que entrava em cena para compartilhar experiências e ampliar reflexões”, ressalta Cláudia.

ACOLHIMENTO

“A criança precisa ser inserida em um meio que ofereça cuidado, acolhimento, desenvolvimento e que se adeque aos valores da família”, diz Marcos da Silva, diretor da Escola Barão de Rio Branco, em Santa Catarina.

Na primeira infância é importante que os profissionais e pedagogos apliquem atividades cotidianas e brincadeiras que estimulem o aprendizado prazeroso, de acordo com cada faixa etária específica. Na Unidade Jardim Blumenau, integrante da Escola Barão de Rio Branco, que atende 80 crianças no Berçário e na Educação Infantil, a alimentação, as práticas de higiene, as brincadeiras e a contação de histórias se tornam aliadas para que todos elaborem situações, hipóteses e descobertas do dia a dia. “A metodologia valoriza a participação deles no processo educativo-pedagógico, tornando-os protagonistas do cotidiano escolar”, explica Marcos.

A psicóloga escolar, Jaqueline Maria Bratfisch, afirma que é na primeira infância em que se aprendem os valores pessoais, confiança, responsabilidade, solidariedade, o afeto e, por isso, se torna muito importante que os familiares optem por instituições que reflitam seus conceitos cotidianos. “A família, independente dos modelos familiares, é o ponto de referência nas relações e a partir daí a criança amplia o seu mundo na escola”, acrescenta.

ADAPTAÇÃO

Katarina Bergami, pedagoga e coordenadora educacional da Faces Bilíngue, escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, acredita que os bebês têm uma facilidade maior de adaptação a novas pessoas e ambientes do que seus familiares. “Se acolhido com amor, bem cuidado, alimentado e tratado com carinho, ele se desenvolverá plenamente, ficando pronto para receber o carinho dos pais no final do dia”.

A Faces Bilíngue, que há quase 20 anos educa crianças dos quatro meses aos dez anos, não impõe um limite de tempo para que os pais ou familiares participem da adaptação: eles deixam a criança com as berçaristas, mas os observam em tempo real, através de câmeras on-line que foram implantadas nos ambientes do berçário. “Caso exista algum desconforto, o bebê é trazido para a família. Depois de se acalmar, volta ao berçário. Os familiares podem vir quantos dias quiserem e acompanhar todo o processo enquanto não se sentirem seguros. Não há qualquer restrição de acesso dos pais em nenhum momento. A questão é a confiança”.

Bebês que frequentam berçários, em geral, são mais calmos, porque se adaptam bem à rotina e à convivência com os colegas. Como existe horário para as refeições, o banho, o soninho e as brincadeiras, acostumam-se à organização e aprendem que o momento da alimentação também pode ser um momento agradável, de troca, aprendizado e satisfação. Ficam cansados com a rotina movimentada e bem diversificada, e precisam de um tempo para o descanso. “Os pais que mantêm a mesma rotina no final de semana orgulham-se de seus filhos não darem qualquer trabalho e podem apenas desfrutar dos melhores momentos com eles”, aponta a pedagoga. (RP)

 

Saiba mais:

Colégio Magno/Mágico de Oz – [email protected]

Escola Barão do Rio Branco – [email protected]

Faces Bilíngue – [email protected]

Receba nossas matérias no seu e-mail


    Relacionados