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Guia para Gestores de Escolas

Dica — Entretenimento

Matéria publicada na edição 60 | Agosto 2010 – ver na edição online

Por uma agenda integrada à educação lúdica.

Contadores de histórias, palhaços, shows, viagens a parques, espetáculos teatrais, jogos e sessões de autógrafos em feiras de livros, entre outros, costumam integrar a agenda de entretenimento das escolas, constituindo-se em uma oportunidade de reunir de maneira festiva toda a comunidade. Em geral, essas atividades apresentam uma conotação de quebra da rotina, criando-se uma separação entre o momento da aprendizagem e o espaço da diversão. “O entretenimento é importante no desenvolvimento da sociabilidade, mas as escolas poderiam organizar esses eventos como experiência cultural”, defende a professora Paula Zurawski, dos cursos de graduação e Pós em Pedagogia do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. Graduada em Teatro e mestre em Didática pela USP, Paula integra o elenco do grupo de espetáculo musical Furunfunfum há 18 anos.

Ou seja, explica Paula, seria interessante associar essa agenda a uma proposta de educação lúdica e adequá-la ao projeto pedagógico, “de forma a atender às diferentes necessidades das crianças e jovens”. Paula lembra que especialmente as crianças “não separam a atividade cognitiva da corporal, o brincar do estudar”. Mas observa que boa parte das instituições ainda estabelece um corte rígido entre a hora da aprendizagem e a da diversão ou recreação. “Basta observar a postura quase imóvel exigida em sala de aula, ao passo que as atividades de parque são soltas, mas pouco assistidas pelos educadores.”

É preciso trabalhar as diferentes linguagens artísticas (música, dramaturgia, artes visuais etc.) e incorporar a “ludicidade” ao processo do ensino, defende a pedagoga e atriz, processo que, segundo ela, forneceria critérios às escolas para a organização de uma agenda de atividades culturais. Para tanto, há necessidade de preparar os professores, pois “lhes falta intimidade com essas linguagens, repertório e informação histórica”.

Segundo José Ricardo Grilo, mentor e coordenador do curso de Pós-Graduação em Educação Lúdica do ISE Vera Cruz, pioneiro no País, a proposta pedagógica de educação lúdica baseia-se na Teoria do VER, um tripé composto pelo objeto que se vivencia (filme, música, sessões de pintura etc.), pela experiência usufruída e relatada pelos participantes, e pela reflexão. Parece simples, mas ela precisa estar colada a uma perspectiva de construção coletiva do conhecimento, em que os educadores trabalhem valores como solidariedade, colaboração, e respeito ao ritmo de aprendizagem de cada um; e explorem as potencialidades dos envolvidos, “percebendo que esses ritmos são diferentes”. Na prática, a intenção é criar um “estado de ludicidade”, o qual favoreceria a aquisição do conhecimento, explica José Ricardo.

“Na educação lúdica, o foco é promover um mundo melhor, desenvolver pessoas em suas competências técnicas, mas também capazes de repensar os valores, formando cidadãos críticos e autônomos em seu processo de busca do saber e do crescimento profissional e pessoal.” Consultor de grandes empresas, onde também trabalha com a metodologia, empregando para isso, por exemplo, os jogos cooperativos, José Ricardo percebe hoje o uso da educação lúdica como tendência do mercado, mas não gostaria de ver nisso apenas mais uma estratégia de marketing das instituições. “A dica que deixo para os mantenedores é que se comprometam com ela para a transformação desse mundo, que a gente acha que pode ser melhor ainda”, defende o coordenador, graduado em Pedagogia e Educação Física e docente de um MBA da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.

Saiba mais:

José Ricardo Grilo
Email: [email protected]

Paula Zurawski
Email: [email protected]

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