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Guia para Gestores de Escolas

Dicas — Livros Infantis

Matéria publicada na edição 57 | Abril 2010 – ver na edição online

Na linguagem escrita, sensorial e imagética, o entendimento do mundo.

A segunda pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, promovida entre os anos 2004 e 2008 pelo Instituto Pró-Livro, identificou que o País apresenta um potencial de 95 milhões de leitores e 77 milhões de não-leitores. Percebeu também que o gosto pela apreciação de uma obra literária aumenta conforme a idade, mas que 36% dos não-leitores não sentem prazer quando lêem. E que quanto maior a escolaridade, mais tempo se dedica à leitura. Assim, parece inevitável atribuir à escola o grande desafio de expandir o hábito e o gosto pela leitura. Mas no mês em que duas datas (2 de abril é o seu dia internacional e, 18, o nacional) homenageiam o livro infantil, a Revista Direcional Escolas ouviu dois especialistas na área para ampliar um pouco mais a percepção de sua importância junto às crianças e adolescentes.

“O livro constrói toda uma significação nesta junção entre texto e imagem, em que o formato, a cor e o tipo de papel não devem figurar como meros chamarizes ou acessórios, mas representar elementos de sentido”, afirma o professor Edmir Perroti, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicações e Artes da USP, autor de estudos relacionados à literatura infantil, ao hábito de leitura e de vários títulos voltados à garotada, como “Atirei o Pau no Gato” ou “Cântigo dos Cântigos” (esgotado), ambos pela Editora Paulinas. O momento da leitura proporciona uma construção interna, anota Perroti, e mobiliza repertórios (significados) ligados ao afeto, à emoção e à memória. “Às vezes um estímulo olfativo te traz um mundo de significados, assim como uma cor, uma palavra.”

Uma experiência que, segundo a socióloga Dolores Prades, gerente de literatura infanto-juvenil do grupo editorial SM, representa “a porta de entrada ao reconhecimento do mundo e de si mesmo, a possibilidade de incentivar a criatividade, o acesso a experiências alheias”, parâmetros com os quais a criança irá pensar sobre a realidade que a cerca além da própria, interna.

Mas o professor da USP chama a atenção para a maneira correta de se trabalhar o livro junto ao público infanto-juvenil. Em primeiro lugar, a leitura não se resume a uma atividade motora, não implica necessariamente em movimentos, pois há crianças, por exemplo, que gostam de estabelecer uma relação silenciosa neste processo, o qual demanda um tempo próprio de apreensão e elaboração de ação. Neste aspecto, as oficinas de leitura devem considerar a singularidade de cada uma, recomenda Perroti. “O professor precisa estar atento, pois cada uma se relaciona e se expressa de uma forma, pela comunicação oral, pelo desenho ou pelo movimento físico. Não se pode amarrar a atividade a um código único”, diz. Também os aparatos tecnológicos que acompanham a obra não devem funcionar como “engenhoca ou jogo”, mas se articular enquanto linguagens diferenciadas (como o texto, a ilustração e o som) que se cruzam e ampliam a experiência de aquisição do sentido.

Para a gerente Dolores Prades, há uma tendência cada vez mais forte de predomínio do chamado livro-álbum, no qual a imagem se sobressai, apropriando-se um pouco do formato da história em quadrinhos (HQs), no entanto mais extenso no desenvolvimento do enredo. Quanto às versões digitais do livro (e-book), Dolores observa que ocupam outro lugar na experiência cotidiana, impulsionando novos sentidos, sem substituir o papel. “O livro de papel permite o manuseio, o contato e a referência com toda uma tradição cultural”, observa.

(R.F.)

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Dolores Prades
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