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Guia para Gestores de Escolas

Educação digital nas escolas

EDUCAÇÃO DIGITAL, o que pode abranger este termo?

Falo e escrevo sobre esta questão desde 2004, ou seja, dez anos se passaram e somente agora, neste último ano é que tenho visto e presenciado um movimento maior e preocupação por parte das escolas.

Costumo abordar como Educação Digital, o ensino e a orientação para o uso das tecnologias de  forma ética, segura e legal, ou seja, responsável, desta forma, não se trata apenas de ensinar a utilizar, mas sim de utilizá-la com habilidades e competências que permitam reconhecer os riscos e tomar as decisões corretas e mais seguras quando necessário.

O uso seguro dos recursos tecnológico por seus alunos e equipes, acaba por ser uma forma de prevenção de responsabilidade legal para as escolas, pois, uma vez que a escola tem responsabilidade objetiva por seus empregados e educandos, a medida que as pessoas estão preparadas, os incidentes diminuem.

A decisão de se criar um projeto de Ética e Cidadania Digital é extremamente benéfica, pois além da questão de segurança e prevenção de responsabilidade, não apenas pela boa fé, mas também pela prevenção de incidentes, acaba por atingir a missão direta da escola que é  “Ensinar”.

Neste cenário a escola pode eleger um líder do projeto, que tenha as competências necessárias não apenas no âmbito educacional, mas de liderança e de assuntos relacionados a tecnologia.

Este líder deve criar uma equipe que pode ser a convite de profissionais que sabe ser competente para lidar com tais questões, e afirmo, não há necessidade de ser professor de informática, pois qualquer disciplina independente da área de conhecimento, atualmente faz uso da tecnologia. Aulas de biologia, português e até mesmo matemática.

Podemos encontrar recursos para as mais diversas áreas do conhecimento, portanto, aquele professor que tem afinidade e gosta do assunto poderá integrar esta equipe.

O segundo passo é o levantamento do nível de conhecimento que os alunos e professores possuem sobre o assunto e isto pode ser feito por um questionário simples e sem identificação, para maior sinceridade nas respostas.

Além disso, é preciso um levantamento de incidentes que envolveram a  escola, ainda que tenham iniciados do lado de fora, mas que de certa forma traz consequências internas, pois acaba por envolver ações posteriores, como ocorre normalmente com cyberbullying.

Após o levantamento pode-se traça um planejamento anual, cuja, o conteúdo poderá ser inserido em uma disciplina já existente, normalmente a que trata de comportamento, drogas, etc.

O que os alunos mais querem saber:

  1. Meu pai pode ser preso no meu lugar?
  2. Se eu fizer um acesso “escondido” a escola pode descobrir?
  3. Perfil falso é crime?
  4. Por que não posso fazer download de qualquer musica na internet?
  5. Qual o problema de tirar foto dos outros e publicar no facebook?
  6. Enviar fotos das meninas pelo whatsapp é crime?
  7. Mandar minha foto sem roupa é crime?

Estas são apenas algumas das dúvidas que aparecem em sala de aula.

É importante estabelecer um currículo corporativo, ou seja, ações isoladas podem levar aos alunos informações inadequadas e muitas vezes contrárias ao pensamento da escola. Assim, para que este assunto seja abordado em sala de aula, o correto é que seja uma ação institucional, com total apoio e cobrança da direção.

Lembre-se a probabilidade de que ocorra um incidente envolvendo aluno é muito grande e projetos educacionais estabelecidos além de cumprir sua missão educacional, demonstrará sua boa fé perante qualquer juízo. Além do mais, não podemos falar em educação para a vida sem ao menos ensinar os alunos a usarem a tecnologia com segurança e responsabilidade.

É muito importante também, conquistar o apoio dos pais, pois a dificuldade é muito grande quando ensinamos “A” mas em casa os pais dizem que é “B”, portanto, o alinhamento é muito importante e comumente temos que fazer palestras e materiais para ensinar os pais também.

Enfim, o desafio está a sua frente e cabe a sua equipe se preparar para lidar com as questões de Segurança e Tecnologia de forma educativa, pedagógica que facilite o manuseio e o entendimento das responsabilidades de cada um.

 

cristinaCristina Moraes Sleiman – advogada e pedagoga, Mestre em Sistemas Eletrônicos pela Escola Politécnica da USP, professora de Pós Graduação. Responsável pela Coordenadoria de Prevenção de Risco Eletrônico no Ambiente Corporativo na Comissão de Direito Eletrônico e Crimes de Alta Tecnologia da OAB/SP. Extensão em Direito da Tecnologia pela FGV RJ e extensão em Educador Virtual pelo SENAC SP em parceria com Simon Fraser University. Consultora do Colégio Bandeirantes e Visconde de Porto Seguro. Co-autora do audiolivro e livro de bolso Direito Digital no Dia a Dia. [email protected] e da Cartilha Boas Praticas de Direito Digital Dentro e Fora da Sala de Aula e Guia de Direitos Autorais Para Instituições de ensino ( disponível em www.sleiman.com.br)

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