Era uma vez… uma menina…
“A doença do homem normal é uma doença da imobilidade. Saber mover a mente é contribuir para superar esta enfermidade”.
Guillaume Le Blanc
Era uma vez… uma menina que sonhou em fazer a diferença no mundo… mesmo não sendo considerada uma menina “normal” para a época.
Ah, como eu me lembro desse tempo! Eu era uma menina que fugia ao padrão esperado de uma boa aluna e muitos outros padrões esperados naquela época. Eu era diferente, desde pequena, mais introvertida e ao mesmo tempo rebelde e cheia de opiniões. Eu era assim… estudava em uma Grande Escola Católica e muito tradicional na cidade de São Paulo. Naquela época não se falava em inclusão, mas eu o era, bastava ter dinheiro e, de alguma forma, você era permitida a conviver com os “ditos” normais. Era assim…
Passado muitos anos, eu continuo sonhando e agindo para fazer a diferença por onde passo. Hoje já não sou menina, já sou uma mulher, uma pessoa comum, porém não perdi o brilho nos meus olhos e muito menos o meu sonho de fazer a diferença. E olha que o momento educacional brasileiro não está muito animador! Mas, acreditem, eu não me curvo a ele e aos pessimistas de plantão.
Como professora que sou, continuo levando minha esperança e construindo pontes entre a educação pública e privada. Engraçado, desde que nasci, adorava (e adoro) ensinar coisas diferentes, mas gosto também de aprender (característica essencial de um professor atento) e desde pequena eu me espantava com as injustiças e logo saia em defesas dos mais oprimidos.
Era uma vez… uma menina, uma estudante, que ninguém esperava nada – ou melhor, quase ninguém. Mas, em algum momento, encontrei pessoas que passaram pela minha vida como Tia Benedita, Tia Salua, Seu Antonio, Seu Walter, Fábio… que mesmo sem dizer, diziam: essa menina é diferente e por algum motivo eles apostaram em mim. E já falei em minhas colunas anteriores, que qualquer ser humano que se sinta APOSTADO por algum adulto, ele irá, ele seguirá seu caminho, encontrará seu lugar no mundo e abrirá atalhos para se fazer presente de uma forma saudável nesse mundo.
Era uma vez… uma menina que cresceu e se tornou uma professora que contava histórias, que troca seu tempo por experiências e encantamentos, e que aposta nas novas gerações.
Nesse momento de tanto desalento e histórias interrompidas, não esqueçam, somos os adultos e temos o “poder” de encantar e transformar o triste cotidiano escolar. Era uma vez… uma criança que entrou por uma porta como estudante e saiu pela outra como professora.
Era uma vez… uma menina que pensou que o mundo estava errado, mas entendeu que ela era parte desse mundo, e logo ela percebeu que teria que fazer a sua parte naquele mundo em que ela se queixava tanto… essa menina cresceu e entendeu que ela é parte dessa mudança. O segredo da educação está nos SONHOS QUE PROPOMOS.