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Flow: o estado da excelência humana

Pense em algo que você faz bem e que gosta muito de fazer. Pode ser uma atividade física (como um esporte), uma atividade intelectual (como escrever ou fazer cálculos matemáticos), uma atividade artística (como cantar, dançar ou pintar) ou simplesmente um hobby (como cozinhar ou fotografar). Agora pense em um momento específico em que você desempenhou esta atividade excepcionalmente bem. Naquele momento você estava em seu melhor. Como você descreveria este estado de excelência? Quais são as características deste estado? Quais são as condições que permitem ou facilitam alcançar a excelência?

Essas perguntas vêm sendo feitas pela Ciência há décadas e esse estado é conhecido como flow, ou experiência de fluxo. O conceito foi desenvolvido pelo psicólogo Mihaly Csikzsentmihalyi, quando era pesquisador e professor da Universidade de Chicago. Csikzsentmihalyi fez seu PhD em criatividade nas artes e ficou impressionado ao observar o estado de alta concentração e absorção em que entravam os artistas quando estavam pintando. Eles pareciam não sentir cansaço, fome, sono e permaneciam por horas pintando sem perceber o tempo passar. E o mais importante: eles não pintavam por dinheiro, fama ou qualquer outra recompensa que pudessem receber após terminar a atividade. A recompensa, por assim dizer, era a satisfação com a execução da própria atividade.

A principal característica da atividade de flow é que ela não é um meio para se chegar a um fim, mas um fim em si mesma. E é nesse estado de flow que artistas e atletas obtêm o seu melhor desempenho e executam suas melhores performances. Mas é importante ressaltar que estar em seu melhor não significa ser o melhor. Em um campeonato, estar em flow não garante que você vai vencer, porque isso dependerá das suas habilidades e das habilidades de seus adversários, mas garante que você estará no seu melhor estado mental e psicológico, e, portanto, suas chances de vencer são as melhores possíveis naquele momento.

Durante o meu mestrado em Psicologia na USP, entrevistei vinte praticantes de dança de salão, desde alunos até professores, e descobri que todos eles são capazes de entrar em flow. Mas a descoberta mais interessante é que o flow ocorre frequentemente no trabalho, e não apenas em trabalhos criativos, mas até mesmo em serviços bastante rotineiros, como de operários em uma linha de produção. O flow ocorre quando o profissional está extremamente focado, concentrado, absorvido e motivado. Nesse estado, ele realiza a tarefa com um alto desempenho, e, ao mesmo tempo, com a leveza, alegria e o prazer de um dançarino se divertindo em um baile de dança de salão. Em poucas palavras, eis como defino essa experiência:

“Flow é um estado de excelência mental que reúne, ao mesmo tempo, alta motivação, concentração profunda, satisfação e alto desempenho”.

Todas as empresas deveriam oferecer as condições organizacionais adequadas que favorecessem seus colaboradores a entrar em flow, pois isso resultaria em alta produtividade e excelente qualidade de desempenho, ao mesmo tempo que proporcionaria satisfação e felicidade nos colaboradores. É bom para a empresa e bom para os colaboradores. O que poderia ser melhor?

Helder Kamei é professor do MBA Executivo em Desenvolvimento do Potencial Humano e Psicologia Positiva do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), autor do livro “Flow e Psicologia Positiva: estado de fluxo, motivação e alto desempenho” e autor do blog www.flowpsicologiapositiva.com.

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