Professor: Educação, Competência e Esperança
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Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação
Todos os dias pela manhã, um intenso movimento social transcende tarefas, horários, compromissos, trabalhos e saberes em instituições de todos os segmentos – incluindo, até mesmo, o ambiente educacional. Ao soar o sinal nas primeiras horas do dia, abre-se os portões físicos das escolas que representam a evolução, o conhecimento, a descoberta (de si e dos outros), a interferência (motora, social e psíquica) e consequentemente as alegrias, frustrações, dificuldades e realizações.
Abrir os olhos para o cotidiano escolar é contribuir para uma engrenagem social, priorizando a evolução e a formação de novos cidadãos. Todos os dias pela manhã, o professor está disponível para abraçar a esperança de olhares atentos, questionamentos aflorados, percepções e nuances diferenciadas e o crescente desenvolver ao longo dos anos de ensino. Este profissional, que evoca e transmite o saber pela sua paixão evidente, é o principal agente da mudança educacional e pessoal.
“O professor é fundamental para que o projeto pedagógico de uma instituição de ensino seja colocado em prática. É na sala de aula, nos resultados da aprendizagem e nas relações entre os professores e alunos que vemos a identidade de uma escola se tornando viva por meio de ações que traduzem seus valores e sua missão. Para isso, é preciso cuidar da relação do professor com a instituição”, destaca Adriana Cury, Diretora Geral da Escola Santi.
Para a Escola Santi, localizada no bairro do Paraíso, em São Paulo, atuando há 46 anos no ensino de crianças e adolescentes, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental II, o cuidado com a relação com o professor é precioso e esse laço deve ser reforçado com frequência. Assim, são realizados planejamentos e processos contínuos de formação, envolvendo os profissionais em questões estratégicas, compartilhar decisões e as razões das escolhas institucionais, remunerar de acordo com o mercado e, acima de tudo, escutá-los.
Segundo a diretora geral do colégio, um conjunto de ações são realizadas na Escola Santi neste sentido, como por exemplo o “Realiza Santi”, que acontece a cada 5 anos e envolve todos os profissionais da escola na reflexão e planejamento estratégico da instituição para os anos seguintes.
“Desde 2013, as ações de formação de professores vão além da própria equipe. Um programa de formação gratuito, batizado de ‘Santi para Todos’, oferece cursos sem custo para professores da rede pública, ministrados pelos profissionais da nossa escola, o que acaba sendo uma ação de formação para nós, que damos o curso, e para os convidados que vêm assistir, pela riqueza da troca”, ressalta Cury.
PROFISSÃO PROFESSOR
De acordo com o Censo da Educação Superior 2013, em 2011 foram registrados 238.107 concluintes do grau acadêmico. Já em 2012 o número diminuiu para 223.892 e em 2013 os formandos em licenciaturas foram 201.353. Uma queda em dois anos de cerca de 18,5%. Independente das questões que empurram esses números para baixo, há um importante segmento de profissionais que abraçam essa carreira. Atualmente, o Estado de São Paulo conta com cerca de 250 mil docentes na rede estadual e 64 mil na rede municipal.
Na Escola Santi, são dois os principais motivadores apontados pelos professores como busca pela profissão: a vocação para ensinar – muitas vezes notada desde a infância, e a vontade de atuar como um agente transformador nos novos cidadãos em formação.
O professor Leandro Merenciano é um exemplo desta vocação que cresce desde a infância. “Acredito que escolhi ser professor ainda pequeno, pois nas brincadeiras de crianças eu sempre queria o papel de professor, nunca o de aluno. Quando brincávamos sempre tentávamos representar aquilo que a gente mais gostava e eu via o professor como um modelo”.
Outra professora da Escola Santi, Elisangela Florentino, atualmente lecionando para alunos do 4º ano, também percebeu sua vocação ainda na infância. “Ser professora já era um sonho de criança. Desde pequena eu brincava de ensinar as outras crianças e tinha até minha lousinha e o giz”. A formação do cidadão também é um dos fatores motivadores para Liz. “A escola é um lugar em que percebemos o quanto a educação e a formação das crianças são importantes. Atuo ao lado de uma faixa etária de formação da moral, em que se consegue ir além dos conteúdos necessários para o aprendizado. Ensinamos a eles a ser uma pessoa melhor e por isso continuo sendo professora. Acredito ser muito importante ver ali a criação de uma nova geração de novos seres humanos que vão liderar o mundo de um jeito diferente”.
A transformação e o desenvolvimento das crianças são os fatores primordiais para Maria Augusta Meneghelo, a Guta, orientadora educacional do 6º ao 9º ano. “Escolhi ser professora porque acredito no poder que a gente tem de transformar as pessoas e o mundo, criando pessoas reflexivas, abertas e mostrando o quanto aprender é bom. Desenvolvê-las faz a gente se sentir uma pessoa melhor. Acredito no desenvolvimento do ser humano”, explica.
Stefan Bovolon, professor de ciências naturais, segue a mesma linha. “Decidi por essa carreira para poder ser útil de várias maneiras para a sociedade, não só para ajudar os meus alunos em seus percursos, mas também para fazê-los descobrir, desenvolver e aprender outras habilidades e formá-los como cidadãos mais conscientes”. Além disso, outro motivo não poderia faltar. “Há também a questão de gostar de ensinar”, completa.
ESPERANÇA À VISTA
Cora Coralina, poeta e contista brasileira, em uma célebre citação contextualiza, de forma sucinta, um dos pilares do prazer em ensinar: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. O professor é, de fato, o fio condutor da esperança em formar e apreciar cidadãos dispostos a viver coletivamente, visando a liberdade, o respeito às diferenças e o pensar de forma crítica, completa e democrática.
Desse modo, cita Adriana Cury, uma equipe de professores identificada com a escola, motivada, dedicada e segura, certamente ensina melhor, gera melhores resultados, é mais feliz no trabalho e, consequentemente, é capaz de contribuir para um mundo melhor. “Para este Dia dos Professores, por exemplo, a equipe foi presenteada com uma palestra sobre qualidade de vida e promoção da saúde, ministrada pelo Dr. Fernando Bignardi, médico da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que defende que cada um de nós pode ser ator da nossa própria qualidade de vida”, finaliza Cury.
Neste dia 15 de Outubro, celebrado o Dia dos Professores – profissionais que lutam diariamente e acreditam em mudanças significativas, fica aqui registrado, nosso carinho, respeito e admiração por estes profissionais que criam possibilidades em sala de aula, se emocionam com o sucesso de seus alunos e constroem um diálogo com o aprendizado sem fronteiras.