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Guia para Gestores de Escolas

Tomar decisões difíceis e lidar, sozinho, com os impactos: mais um desafio da Gestão Escolar

Por Roberta Bento e Taís Bento

A cada dia que passa, a escola se torna foco de demandas cada vez mais inusitadas. São pedidos, exigências, reclamações e processos vindo de públicos diferentes e de grupos da sociedade que muitas vezes sequer imaginam os desafios que são enfrentados no chão da escola diariamente. E, embora algumas demandas pareçam simples, a consequência dessa sobrecarga para a gestão escolar se acumula em forma de estresse e conflitos que poderiam ser evitados. Para o bem de todos aqueles que vivem diariamente a realidade do trabalho dentro da escola, precisamos encontrar caminhos para tornar mais assertiva a tomada de decisões. Aceitar que não será possível agradar a todos, mas ainda assim buscar respostas que estejam alinhadas com os valores da escola e o propósito da instituição não é um processo fácil. E cada vez mais a tomada de decisão se torna um fardo nas costas da equipe de Gestão, que muitas vezes se vê exausta, enquanto sofre acusações e ataques muitas vezes infundados, incluindo exposição em mídia ou redes sociais, como protesto, quando uma decisão desagrada algum dos envolvidos.

Existe uma explicação sobre o porquê tomar decisões tem gerado um peso maior para você, Gestor Escolar, do que para aqueles que eram os diretores nas escolas que frequentamos, no passado.

Pesquisas da neurociência comprovaram que nosso cérebro não prioriza decisões. Isso significa que a energia despendida para escolher, logo pela manhã o sapato que você vai calçar ou a roupa que vai vestir é a mesma usada para definir o trajeto até o trabalho e também para aquela decisão que vai impactar de forma tremenda os resultados da sua escola.

A abundância de itens que temos hoje disponíveis no armário, na gaveta da cozinha e a variedade de opções a partir da qual precisamos fazer escolhas a cada momento, incluindo nossas refeições, acaba gerando uma sobrecarga mental, que leva ao declínio da qualidade nas escolhas, depois de um longo período em que muitas decisões precisam ser tomadas. Esse fenômeno tem nome e sobrenome: Fadiga da Decisão.

“Um estudo da Cornell University aponta que tomamos, em média, 226 decisões apenas em relação à alimentação diariamente. Quando ampliamos essa perspectiva para o cotidiano geral, algumas fontes estimam que um adulto toma cerca de 35 mil decisões por dia. Esse volume impressionante revela um desafio silencioso, porém significativo: uma exaustão coletiva que pode impactar a direção que uma instituição vai seguir…”, explica Rafael Souto, especialista em Gestão.

A fadiga de decisão se manifesta na sua escola a todo momento: o clima pesado nos relacionamentos entre colegas de trabalho, a sensação de cansaço enorme desde o início da semana, aliado à frustração de não ter conseguido cumprir nada daquilo que foi planejado para aquele dia de trabalho. Em pouco tempo, saúde física e emocional se deterioram e as consequências negativas atingem os resultados da escola, atingindo alunos, suas famílias e a vida pessoal dos professores e de toda a equipe gestora.

É urgente uma pausa para respirar, alguns momentos para você cuidar de si mesmo. É essencial a tomada de consciência sobre aquilo que é parte da realidade corrida em que vivemos, mas também sobre caminhos para impedir você seja consumido por tantas demandas, por julgamentos de quem não conhece seu empenho e dedicação. É fundamental que você e sua equipe estejam atentos à necessidade que cada qual tem de fazer pequenas paradas, desacelerar, inclusive também para fazer uma gestão melhor. E alguns dos caminhos para dias mais leves e decisões melhores são:

– Aceitar que é impossível agradar a todos e simultaneamente cumprir o papel da escola. Conviver de forma mais leve com o fato de que algumas pessoas levarão mais tempo para enxergar o resultado positivo das decisões que você tomar.

– Parar de procurar pela decisão correta: ela não existe. Para situações de alto desafio, você não “encontra” a resposta. Você “cria” a resposta.

– Lembrar que você decide primeiro como um diretor, coordenador, orientador. E depois confere se está de acordo com seus valores de ser humano. Seus valores como ser humano serão sempre o alicerce que permitirá a você lidar com os impactos que sua decisão vai trazer.

– E acima de tudo, manter em mente uma afirmação de um dos pensadores mais respeitados em relação ao desafio da tomada de decisões difíceis, o professor de Ética da Universidade de Harvard, Joseph Badaracco: as pessoas não precisam de perfeição, elas precisam de direção!

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