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Guia para Gestores de Escolas

Uma suspensão capaz de trazer muitos benefícios para sua escola

Por Roberta e Taís Bento

Nos últimos anos, questões como ansiedade, depressão e dificuldades de relacionamento social estão cada vez mais presentes no dia a dia, afetando não apenas a vida pessoal dos estudantes, mas também seu desempenho acadêmico e o ambiente escolar como um todo. Esse contexto explica uma frequência maior de conflitos entre colegas e com os professores, além de uma crescente dificuldade para assumir a responsabilidade sobre o que cabe ao estudante, no processo de aprendizagem.

Um dos fatores que comprovadamente intensificam esses problemas é o uso exacerbado das redes sociais e dos smartphones por parte das crianças e dos adolescentes. A maior possibilidade de acesso e popularização dos telefones inteligentes, especialmente após 2010, trouxeram impactos significativos para a saúde mental dos jovens. Pesquisas indicam que, a partir desse período, houve um aumento nos índices de ansiedade, depressão e automutilação entre adolescentes. Como o acesso ao mundo digital e excesso de tempo na exposição acontece cada vez mais cedo e por maior período de tempo, a faixa etária que sofre as consequências negativas desse processo é cada vez mais baixa.

Esse quadro de saúde mental fragilizada dos alunos não impacta apenas a eles, mas também aos professores, que enfrentam cada vez mais dificuldades para conseguir envolver os alunos em sala de aula. A falta de concentração dos estudantes, aliada a cada vez mais baixa capacidade para assumir responsabilidades, gera estresse e frustração entre os educadores. Muitos professores relatam esgotamento emocional e, em casos extremos, começam um processo de abandono da profissão. Em alguns países, há uma preocupação crescente com a escassez de profissionais qualificados na educação, já que muitos desistem antes mesmo de atingir o quinto ano de carreira, momento em que estudantes, escola e o próprio professor começam a colher os frutos da experiência adquirida.

Qual é o papel e o poder da escola para mitigar as consequências do excesso de tempo e uso precoce do celular? Para enfrentar os desafios que a era digital trouxe, sugerimos que as escolas adotem uma abordagem proativa, baseada em três pilares fundamentais.

  1. Formação continuada dos professores, com foco nos desafios enfrentados por estudantes nascidos na era digital. Um exemplo de abordagem que trouxe resultados positivos em diversos países é a Teoria da Autodeterminação, que se baseia na busca pelo atendimento de três necessidades básicas para a motivação: autonomia, competência e pertencimento. Quando essas necessidades são atendidas, os alunos são mais propensos a desenvolver motivação intrínseca para o aprendizado e a enfrentar os desafios do dia a dia de forma mais eficaz.
  2. Parceria com as famílias. É fundamental que as famílias dos estudantes enfrentem, junto com a escola, os desafios trazidos aos alunos pelo excesso de tempo no mundo digital. Quando as famílias entendem seu papel, é possível criar um ambiente mais colaborativo, que ajude os alunos a lidar com as demandas da vida moderna. Nas redes sociais do SOS Educação, fornecemos, diariamente, conteúdo gratuito que pode ser compartilhado com a comunidade escolar para ajudar nesse processo.
  3. Política clara sobre o uso de tecnologia na escola. É crucial que a escola estabeleça uma política clara e abrangente sobre o uso do celular e das redes sociais em seu ambiente. Diversos estudos indicam que a presença constante dos smartphones na escola prejudica a socialização entre os alunos e impacta negativamente seu desempenho acadêmico.

O objetivo não é banir a tecnologia da educação, mas sim garantir que seu uso seja consciente, com equipamentos adequados e orientado para o aprendizado. Ensinar os alunos sobre segurança digital, os perigos do mundo online e a importância do autocuidado pode ser feito sem a necessidade de que eles utilizem seus celulares dentro da escola. Esses três pilares — formação dos professores, parceria das famílias e políticas claras sobre o uso da tecnologia — fornecem uma base sólida para que a escola enfrente os desafios do século XXI. Um ponto essencial para que você, gestor escolar, possa enfrentar o desafio de “suspender” o celular da sala de aula ou da escola sem desgaste à saúde mental da sua equipe: tenha sempre bons parceiros ao seu lado. Sua saúde física e emocional são a base para que a escola siga cumprindo sua missão. Você não precisa dar conta de tudo isso sozinho.

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