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Guia para Gestores de Escolas

Conversa com o Gestor: Colégio Augusto Laranja: formando gente de expressão

Matéria publicada na edição 01 | Fevereiro 2005 – ver na edição online 

Colégio Augusto Laranja: formando gente de expressão

Conheça a história do Augusto Laranja e suas saídas para profissionalizar a administração, oferecendo um ensino atualizado e de alto nível.

No final do mês de janeiro, Mirza Laranja, diretora administrativa do Colégio Augusto Laranja, estava com os dias lotados, às voltas com os preparativos para mais um ano letivo prestes a começar. Reuniões com pais, reformas e aquela agitação de início de ano há muito tempo fazem parte da rotina de Mirza. O colégio foi fundado por sua mãe, Arlete Rosas Augusto Laranja, e sua tia, Lourdes da Silva Rosas, em agosto de 1966. Hoje, são duas unidades em São Paulo: uma no bairro do Campo Belo, para a educação infantil, e outra em Moema, para os alunos da primeira série do ensino fundamental até o ensino médio. No total, são 800 alunos e cerca de 200 funcionários.
Apesar de cuidar da parte administrativa, a formação de Mirza é pedagógica. Depois de lecionar e de exercer um cargo de supervisão em outra instituição, ela foi convidada para ajudar a reformular o material pedagógico do jardim II e do Pré do Augusto Laranja, já que sua experiência era com pré-escola. Dividia seu tempo entre as duas escolas até que, em 1986, a responsabilidade de ajudar a dirigir o negócio da família falou mais alto e ela passou a se dedicar só ao Augusto Laranja.
A diretora acredita que o fato de ter experiência de sala de aula tem ajudado muito seu trabalho administrativo. “Deve haver uma integração entre as duas partes da escola, a administrativa e a pedagógica. O desafio é saber que existe um ponto de equilíbrio, uma sintonia possível”, diz. Mirza cuida da parte administrativa e seu irmão Almir Rosas Augusto Laranja é o diretor pedagógico. Como exemplo da integração entre as áreas, Mirza lembra do resultado recente de um trabalho feito com o corpo docente da escola. O objetivo era selecionar o ponto forte da escola. “Queríamos perceber o que diferencia o nosso aluno em relação a um bom aluno de outra boa escola. Chegamos à linguagem, que engloba desde a opção de oferecer filosofia a partir da educação infantil, privilegiando argumentação, posicionamento, capacidade de expressão, até as provas da área de exatas com questões escritas e os trabalhos de literatura no ensino médio, com uma riqueza muito grande de produção”, conta. O resultado desse trabalho foi entregue à agência que cuida da comunicação da escola. Assim surgiu o slogan “Formamos gente de expressão”, utilizado desde então pela instituição. “Esse trabalho foi uma conquista. O pedagógico também precisa oferecer requisitos para que o administrativo possa vender a escola”, completa.
Encontrar um diferencial para a escola é uma necessidade do mercado, na opinião de Mirza. “Na tentativa de atender um público maior, as escolas ficaram muito parecidas, com discursos similares. Os pais não conseguem identificar as diferenças. A tendência é as escolas se diferenciarem, priorizando um aspecto e abrindo mão de outro”, explica. No caso do Augusto Laranja, a definição de um foco foi prejudicada também pelo fato da escola ter mantido, durante algum tempo, três unidades. A unidade do bairro do Aeroporto foi inaugurada em 1988 com a intenção de substituir as outras. Essa transferência acabou não dando certo, já que os alunos de Moema resistiram à mudança de bairro. Outro aspecto foi que as três escolas, diferentes no aspecto físico, acabaram com características próprias. “Passamos então a criar uma estrutura para garantir cada unidade. Tudo tinha que ser igual nas três. Tínhamos o compromisso de ter o mesmo Augusto Laranja em todas as escolas, apesar de entre si elas serem diferentes”, recorda.
A saída surgiu em setembro de 2003, com a venda da unidade do Aeroporto para a Escola Nossa Senhora das Graças. Com o negócio, foi possível investir mais em melhorias nas duas unidades. “Uma escola que atua no nosso nicho só é viável se investir constantemente para se atualizar. A concorrência é acirrada e temos uma população pequena para atingir”, atesta. Além da reduzida população que pode pagar uma escola de alto nível, há faculdades abrindo colégios e escolas de educação infantil ampliando suas instalações para oferecer salas de primeira à quarta série, por exemplo. Como então captar novos alunos? “O maior investimento que fazemos é nos alunos que estão aqui. 70% dos alunos que buscam o Augusto Laranja vêm por uma indicação direta. Ninguém procura a escola só porque viu um anúncio ou nosso site na Internet”, assegura. Para Mirza, o aluno tem que perceber o valor da escola que tem. Os pais colocam o filho pequeno no colégio e, por confiarem na instituição, passam a desconhecê-la. Através de uma pesquisa feita com os pais no segundo semestre de 2004, o Augusto Laranja notou que pela afetividade e pelo bom relacionamento, eles desconhecem coisas que a escola oferece. Para atingir também as pré-escolas do bairro, o colégio mantém uma parceria para troca de conhecimento entre os profissionais das instituições. “Nosso interesse é que essas pré-escolas conheçam o Augusto Laranja. Não há nenhum compromisso de indicação do aluno”, explica.
Pesquisas, parcerias, concorrência acirrada. É claro que desde o início da escola, aberta na própria casa da família, até hoje, o panorama do mercado mudou muito, assim como também a estrutura operacional da empresa. No começo, Lourdes se dedicava à educação infantil e Arlete tinha a função de diretora. A formação das duas aconteceu em sala de aula. Cariocas, nos anos 60 elas trabalharam num projeto piloto de capacitação de professores da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, dentro de uma política de valorização do ensino público. De mudança para São Paulo acompanhando o marido que veio a trabalho, Arlete abriu a Escola Maternal e Jardim da Infância O Pica-pau, embrião do Colégio Augusto Laranja.
Com o crescimento do colégio, surgiu a necessidade de uma organização mais profissional. “Tivemos que cuidar da gestão não só do ponto de vista de retorno financeiro e de viabilidade, mas também de formar cargos de orientação e de coordenação, que correspondem aos de gerentes e diretores. Até hoje contamos com uma consultoria. Toda semana temos uma reunião para orientar nosso trabalho”, conta. O trabalho da consultoria envolve também a organização das relações de trabalho e as familiares. “É preciso aprender a separar a escola da família”, constata Mirza.
Segundo Mirza, só recentemente surgiram serviços especialmente desenvolvidos e voltados para escolas. É o caso dos sistemas de informatização. “As escolas têm valores diferentes para cursos diferentes, além de legislação e acordos salariais muito peculiares. Os sistemas de informática demoraram a entender isso. Tanto que os grandes sistemas utilizados hoje nasceram ou de uma empresa que nasceu de uma escola ou de empresas que fizeram parcerias com escolas, desenvolvendo um sistema para aquela escola e vendendo para outras. A escola não consegue absorver um sistema de administração vendido para empresas de outras áreas”, avalia.
Mesmo procurando cursos e consultoria em busca da profissionalização, Mirza entende que o trabalho de gestão de uma escola está baseado em pessoas. “A escola é essencialmente gente. A aula é o nosso produto mais tangível. Tudo acontece na aula, naquele momento do professor com os alunos. Acreditamos no poder da ação do profissional humano para a qualidade do nosso trabalho”, explica. Há uma política de valorização dos funcionários e um investimento no atendimento personalizado aos alunos e às famílias. “Todos querem ser conhecidos na escola. Essa é uma das nossas principais características, reconhecida pelos pais”, finaliza.

RAIO-X DA ESCOLA
• 2 Unidades na Cidade de São Paulo, nos bairros de Moema e Campo belo
• 800 alunos
• 200 funcionários
• Cursos: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio
• Aulas extras: circo, esportes (futsal, basquete, vôlei, tênis, ginástica rítmica, xadrez, capoeira), oficina literária, oficina de matemática, teatro, clube de ciências, atividades de voluntariado e programa bilíngüe English Program.
• E-mail: [email protected]

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