Tenho um aluno com autismo, o que fazer?
Por Ana Regina Caminha Braga*
Aline é professora na escola “Lápis colorido”, onde leciona para uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental, e pela primeira vez em seus anos de docência analisou profundamente a turma e percebeu que Antônio tem apresentado algumas características especificas de um possível Autismo. Ela não teve clareza do diagnóstico, pois não possui formação adequada para tal. Quais providências a professora Aline pode tomar para auxiliar o processo e desenvolvimento de aprendizagem do seu aluno?
A primeira instituição a perceber que a criança apresenta uma especificidade na maioria dos casos é a família e em segunda instância, a escola; mas independente do movimento é preciso compreender a importância de identificar as situações e procurar as pessoas especialistas na área ou buscar aqueles que podem auxiliar a encontrar um norte, como por exemplo, psicopedagogos, psicólogos, neuropediatras, psicomotricistas, dentre outros.
O autismo, assim como todas as deficiências, dificuldades e síndromes, possui suas características e é válido pontuar algumas, como a indiferença; a interação com seus pares diferenciada, onde só há interação caso um adulto esteja presente para auxiliar na comunicação; a insistência no mesmo assunto; a falta de contato visual durante a comunicação; a convivência com outras crianças é restrita; e a apresentação de resistência a mudanças.
No cerne da prática docente, é preciso explorar as imitações sem modelo, as dramatizações, os desenhos e pinturas, o “faz de conta”, a linguagem, permitindo a exploração do jogo simbólico seja individualmente ou em relação com outras crianças. Afinal, essas práticas são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e para sustentação emocional. É fundamental perceber que nessas crianças o jogo simbólico acontece de outra forma, é preciso incentivar e promover práticas principalmente por meio da imitação, para que essa criança se desenvolva de forma harmoniosa e completa.
No entanto, características podem variar em grau de intensidade e na forma de sistematizar os comportamentos. O relevante é atender esses alunos, oferecendo-lhes uma condição adequada para sua aprendizagem e que atendam suas necessidades, de acordo com a sua realidade cognitiva, afetiva, familiar e social.
A principal orientação é que independente do caso apresentado pelos alunos em suas especificidades é buscar parceria com a equipe pedagógica na escola, na família para que eles também participem e compreendam a importância de seguir as recomendações e de buscar por outros profissionais para auxiliar no processo de investigação. O grande desafio é possibilitar o acesso e a permanência, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola.
*Ana Regina Caminha Braga ([email protected]) é escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.