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Guia para Gestores de Escolas

Edmodo: o “Facebook” da educação chega aos colégios Santa Maria e Joana D’Arc (SP)

img191“O uso de redes sociais nas escolas é, de fato, uma tendência em alta. As instituições terão que se reinventar diante do cenário mutante e acelerado das tecnologias”, diz o historiador e professor Rodrigo Abrantes, que ensina a comunidade escolar a usar a nova rede social: o Edmodo, que parece muito com o Facebook. Rodrigo Abrantes é colaborador do site da Revista Direcional Escolas e tem publicado uma série de artigos sobre o tema (http://www.direcionalescolas.com.br/rodrigo-abrantes).

Segundo o educador, ainda que lançada em 2007, essa plataforma de comunicação entre professores e alunos está em fase de expansão. “Ela sintetiza os recursos da Web 2.0, e já está posicionada para operar com recursos 3.0, que serão os aplicativos cada vez mais inteligentes. Acho que 2012 será lembrado como um ‘tipping point’, ou seja, o momento em que a era digital efetivamente chegou à educação”, afirma Abrantes.

Em setembro de 2011, o Edmodo contava com três milhões de usuários. Atualmente, são mais de sete milhões distribuídos em aproximadamente 80 mil escolas em vários países. O Colégio Santa Maria, na zona sul de São Paulo, é um deles. Os alunos participam de uma competição emocionante chamada “Ativamente”, onde é lançado um desafio diferente todas as segundas-feiras no ambiente online. É só acessar www.edmodo.com, pensar e responder!

“O objetivo é trabalhar o raciocínio lógico, já que as professoras identificaram essa necessidade, além de promover a integração dos alunos, tirando-os de ambientes online, como o Facebook, e trazendo-os para um espaço onde podemos acompanhá-los e educá-los”, diz Muriel Vieira Rubens, coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional do Colégio Santa Maria.

No Edmodo, os estudantes disputam entre si e entre classes, e sempre com a moderação dos professores. Há também ferramentas para atribuir tarefas e notas após o feedback do estudante. Essa pontuação varia conforme o dia em que o desafio foi respondido, ou seja, se enviar corretamente na segunda-feira vale 25, na terça, 20, e assim por diante.

A plataforma também tem uma ferramenta para pais, onde eles podem acompanhar tudo o que o filho faz, sem interferir e sem ser visto. “Meu filho adora desafios e tem ficado muito empolgado com as olimpíadas de Matemática realizadas no site Edmodo. Dia desses, ao explicar de que forma havia solucionado o problema proposto, vimos a importância do aprender a pensar, a buscar uma solução nem sempre tão convencional, mas que nos faz raciocinar. É a tecnologia bem utilizada a nosso favor, tirando-os dos ‘Facebooks’ da vida”, diz Cristina Vintecinque, mãe do aluno Fabrício.

A experiência no Joana D’Arc

No Colégio Joana D’Arc, localizado no bairro do Butantã, zona Oeste de São Paulo, o trabalho está sendo coordenado pelo professor Rodrigo Abrantes. A escola tomou contato com a ferramenta e hoje busca reunir definitivamente alunos, professores, pais e diretoria em um só lugar, ampliando as possibilidades de ensino em um ambiente seguro. Para Rodrigo Abrantes, o crescimento e a atual importância do Edmodo se dão pela necessidade de as escolas em se adaptarem de vez à era digital e às novas gerações de alunos. “Isso ocorre num momento em que as gerações que estão chegando à escola são os chamados “nativos digitais”, ou seja, crianças que nasceram após a Revolução Digital dos anos 2000. São crianças já alfabetizadas digitalmente, e familiarizadas com computadores, dispositivos móveis e ambientes virtuais. Nesse sentido, ela precisará de um ambiente de aprendizagem coerente com o seu modo de vida e sua maneira de pensar”, afirma.

A rede vem sendo aplicada hoje no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, e o próximo passo é aplicá-la nas classes do Ensino Fundamental I. Para isso, são realizados treinamentos com os professores, respeitando as limitações e o ritmo de cada um, para que todos possam encontrar uma maneira produtiva de explorar a rede.

As dificuldades enfrentadas inicialmente não ocorreram com o corpo docente e sim com a empresa que presta serviço de filtro na internet da escola, comum em muitos colégios por medo ou insegurança por parte dos próprios docentes. Especialistas em tecnologia da informação afirmam que isso pode acarretar, principalmente no futuro, muitos problemas com a implementação de novas tecnologias em sala de aula, impedindo oportunidades de crescimento do aluno.

Resolvido o problema, os estudantes encontraram um ambiente digital em que podem interagir com todos do colégio, seguindo regras de conduta e a supervisão de professores e diretores, e se articulando para fazer tarefas em grupo, realizando exercícios online e até mesmo criando conteúdo, o que permite maior valorização de sua presença em sala de aula.

Jose Carlos Pomarico, diretor do colégio, conta que o principal ponto positivo vem sendo uma maior participação individual dos alunos e uma consequentemente troca maior de informações e contatos entre eles. “Os alunos se sentem mais motivados e participam mais”, diz ele. “Eles também criam maneiras particulares de gerenciar o tempo. Por exemplo, como eles sabem que poderão acessar a rede a qualquer hora e em qualquer lugar, organizam uma escala de prioridades quanto às tarefas que devem realizar, e destinam o tempo na sala de aula para fazer as tarefas que só poderão fazer na sala de aula. Na medida em que houver o engajamento de toda a comunidade escolar, creio que muita energia criativa será liberada”.

Outro problema promete ser em grande parte resolvido com a adoção do Edmodo: a falta de acompanhamento da vida escolar por parte dos pais. Muitos não têm tempo de ir a reuniões, conversar com professores ou verificar boletins. A conta para pais do Edmodo permite que ele veja calendário com atividades, tarefas feitas e pendentes, comentários de professores, além de ser mais um canal de comunicação com a escola. Assim, eles podem acessar informações como essas em qualquer lugar (inclusive no trabalho) e se informar melhor sobre a vida escolar do filho. “Esse é um aspecto fundamental, sobretudo em uma cidade como São Paulo, onde os deslocamentos são muito complicados por conta do trânsito e da rotina de trabalho. A rede é realmente muito simples de usar, mas a escola precisa dar as orientações iniciais para que os pais consigam fazer parte desse processo”, complementa a diretora pedagógica do colégio, Maria Edna Scorcia.

Com todos esses recursos, o professor Rodrigo Abrantes não tem dúvidas de que na escola todos têm a ganhar com a continuidade do uso do Edmodo. “Eu espero que toda a comunidade escolar participe cada vez mais deste processo, pois será a participação e o compartilhamento de experiências que vai agregar valor ao aprendizado do aluno, ao trabalho do professor e à estratégia de ensino da escola. Tendo isso em mente, tenho certeza de que mudanças significativas vão aparecer muito em breve”.

Sobre o Edmodo

A rede surgiu em 2007 em meio a debates nos Estados Unidos pela democratização da informação promovida pela internet e a necessidade de se levar tal tecnologia e democratização para as salas de aula. Seus criadores, engenheiros de software e entusiastas da tecnologia da educação da Califórnia, assim como os professores parceiros, têm como objetivo levar a “Revolução Digital” para o campo da educação, promovendo novas estratégias e ferramentas de ensino em um mundo globalizado e conectado pela web.

Com interface e modo de operação semelhantes aos do Facebook, a rede oferece um ambiente muito seguro para que as escolas e professores possam desenvolver seu trabalho. Sua construção é baseada em “computação na nuvem”, permitindo acesso aos usuários a partir de qualquer dispositivo conectado à internet, o que inclui aplicativos para plataformas móveis como smartphones e tablets, que constam na lista de melhores aplicativos para educação da loja online da Apple.

A partir de setembro do ano passado, o Edmodo recebeu 15 milhões de dólares em investimentos privados, sendo alavancado para o sucesso de público. Ganhou também espaço em matérias de importantes revistas como a “Time” e hoje conta com mais de 6 milhões de usuários.

Foi assim que Rodrigo conheceu a rede e decidiu incorporá-la ao seu método de ensino e ao próprio colégio. “No final de 2011, algumas revistas internacionais de tecnologia da educação começaram a destacar o surgimento de aplicativos para personalizar a prendizagem. Foi em uma dessas reportagens que tomei conhecimento do Edmodo. Imediatamente fiz minha conta de professor e comecei a explorar os recursos da rede. Aí tive a ideia de sugerir sua implementação na escola no começo deste ano, quando tomei conhecimento de que o [Colégio] Joana D´Arc estava buscando uma plataforma para integrar seu sistema de ensino.”

Ainda segundo o professor, seus companheiros precisam buscar novos métodos de ensino e deixar de lado o conservadorismo quanto à tecnologia em sala de aula, tendo como foco a capacidade de aprendizagem do aluno. “Reconheço a dificuldade de alguns professores em reformular seus métodos, assim como a de novos em se adaptar ao giz, e, sobretudo, a dos alunos que estão crescendo em ambientes configurados tecnologicamente. A dicotomia maniqueísta entre os que demonizam e os que endeusam a tecnologia não vai levar ninguém a nada. Precisamos criar consensos em torno das intervenções que serão mais produtivas em sala de aula e, nesse sentido, eu sinto uma carência muito forte em integrar a tecnologia de forma inteligente ao ensino”.

Edição: Rosali Figueiredo. Com textos de Juliana Laporta (pelo Colégio Santa Maria) e José Cássio (pelo Colégio Joana D’Arc)

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