Educação Infantil – novas perspectivas
Por Ana Paula Xavier
Já em seu terceiro ano de vigência, o Plano Nacional de Educação (PNE) ainda está longe de atingir sua meta. No que tange à Educação Infantil houve alguns avanços, mas os números nos mostram que ainda há um grande obstáculo a transpor. E nós, como especialistas, educadores, formadores e gestores, enfrentamos essa realidade diariamente. Somos também responsáveis por fazer com que essa engrenagem funcione bem e, a cada dia, se aprimore.
Dados recentes do IBGE indicam que há, na Educação Infantil, 7.972.230 matriculados. Há um evidente crescimento no atendimento de crianças de 4 e 5 anos (com 90,5% de atendimento), embora ainda haja 600 mil crianças dessa faixa etária fora da Pré-Escola. Já na faixa de 0 a 3 anos, a situação é bastante diferente: somente 30,4% das crianças dessa faixa frequentam a escola.
No entanto, devemos considerar que o cenário, embora ruim, conta com perspectivas positivas para os próximos anos. Uma delas é o avanço da Base Nacional Curricular Comum, que deve ser concretizada em breve.
Ao olhar para o recorte da Educação infantil, a Base enfatiza dois eixos estruturais: a interação e o brincar. Além disso, estabelece direitos e campos de experiências, que as crianças devem desenvolver ao longo dos anos da Educação Infantil. São eles: Conviver; Brincar; Participar; Explorar e Expressar. A divisão em cinco campos compreende: O eu, o outro e nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Oralidade e escrita; Espaço, tempo, quantidade, relação e transformação.
Notemos que nesta fase de aprendizado, importantes mudanças já se estabeleceram a partir de 1996, quando a Educação Infantil deixou de ser vista como um espaço para a preparação do que chamávamos de primário para ser um espaço de desenvolvimento de habilidades. O foco conteudista mudou, o que é bastante positivo se pensarmos em preparar seres humanos, segundo as competências do século XXI.
E a BNCC dá enfoque a essas competências, com a ideia de integrar às habilidades cognitivas as chamadas habilidades socioemocionais. Traz, pela primeira vez, de forma explícita, a necessidade de articularmos a intencionalidade educativa com os conhecimentos vivenciados pelas crianças, criando novas perspectivas para esses sujeitos se relacionarem com o conhecimento. Além disso, traz mecanismos para pensarmos na transição dos educandos para o Ensino Fundamental I.
A prática antes da teoria ou a forma de equilibrar esses dois campos, o protagonismo do aluno e a troca com o professor, por exemplo, são caminhos inevitáveis. Uma trilha pela qual deveremos passar e por onde deveremos também nos reinventar, como profissionais da Educação e como seres humanos.
Vejo ser um avanço para a Educação infantil que as instituições educacionais sejam reconhecidas pelo seu papel de origem: educar, e não apenas cuidar. E, assim, para todos os envolvidos nesse processo, dos educadores aos coordenadores e gestores.
Ana Paula Xavier é coordenadora educacional da FTD Educação e especialista em Ensino Infantil e Fundamental I. Pedagoga e Psicomotricista é educadora há 22 anos. Foi docente e ocupou ainda cargos de equipe técnica em escolas da capital paulista. Em 2010, passou a integrar a equipe de Consultoria Educacional da FTD Educação, com atuação em consultoria para a área pública. Publicou trabalhos em revistas da área de educação, com foco em repertório para professores de EI e EFI, como sequências didáticas e projetos interdisciplinares.
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