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Guia para Gestores de Escolas

Por que a criação das crianças ainda é carregada de estereótipos de gênero?

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Por Cris Kerr

Você está pensando em comprar o brinquedo para o seu filho de presente de Dia das Crianças? A primeira coisa que vem a sua cabeça é uma boneca para a menina e um carrinho para o menino? Este é um dos estereótipos de gênero, crenças generalizadas sobre as características e os comportamentos associados as mulheres e aos homens. Ainda hoje, a criação das crianças está carregada desses estereótipos e precisamos mudar este cenário, começando com a desconstrução desses conceitos.

Quando nossos filhos são bebês, criamos o primeiro estereótipo classificando as meninas com a cor rosa e os meninos com a cor azul. Em seguida, surge outro estereótipo, pois dividimos os brinquedos por gênero e definimos o comportamento esperado para cada grupo: as meninas brincam de boneca, de casinha e de cozinha, já os meninos brincam com carrinho, constroem foguetes e robôs, e podem brincar na rua, se aventurando em descobertas, enquanto a menina fica em casa e deve se comportar como uma mocinha.

Hoje em dia não existe mais brinquedo de meninos ou de meninas. No entanto, os pais não percebem que continuam a promover a cultura estereotipada de gêneros. Inconscientemente, eles têm medo de que os filhos sofram bullying ou discriminação quando brincam com um brinquedo que é considerado do outro gênero. Ou por terem a crença de que os brinquedos e a forma de educar podem definir a orientação sexual dos filhos.

Outro fator que influencia os estereótipos de gênero é a divisão das tarefas domésticas. Uma pesquisa da Plan International realizada com meninas de 6 a 14 anos no Brasil, identificou que elas são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico em casa. Enquanto 81,4% das meninas arrumam a própria cama, apenas 11,6% dos seus irmãos fazem a mesma tarefa. 76,8% das meninas lavam louça, comparado a somente 12,5% dos meninos. E ainda 65,6% das meninas limpam a casa, enquanto apenas 11,4% dos meninos contribuem nesse sentido. Esta divisão de tarefas está muito desigual, pois este é mais um estereótipo que associa as responsabilidades e tarefas da casa as mulheres.

A Universidade da Colúmbia Britânica identificou em uma pesquisa que nas casas onde à mãe faz a maior parte das tarefas domésticas, as filhas tendem a escolher profissões como enfermagem e veterinária ou se tornam donas de casa. Nas casas onde o pai participa ativamente das tarefas domésticas, elas tendem a escolher carreiras nas áreas de engenharia e finanças.

Todas estas informações e pesquisas mostram que os pais, a família, amigos e professores têm uma forte influência na construção dos estereótipos de gênero. Será que nós estamos atentos a forma como estamos educando e criando os nossos filhos? Vamos começar esta transformação em nossas famílias, desconstruindo os estereótipos de gênero? Desta forma, em um futuro próximo teremos uma sociedade mais saudável e menos preconceituosa com as crianças.

7014db4e19c59bb7e26d088ca13f8165Cris Kerr é palestrante, especialista em diversidade, empoderamento feminino e familiar, CEO da Agência CKZ e idealizadora do Fórum Mulheres em Destaque e do Fórum Gestão da Diversidade e Inclusão. Comenta sobre esses e outros temas todas as terças-feiras no seu Canal Vamos falar de Diversidade.

 

Ilustração: ©Dika Araújo/Reprodução

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