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Guia para Gestores de Escolas

Inclusão Escolar: Novas Perspectivas

Matéria publicada na edição 117 | Abril 2016 – ver na edição online

A educação, processo enraizado na construção social, cultural, peculiar e coletiva, estabelece seu caráter norteador no conhecimento democrático e universal – sendo, assim, compromisso e dever da sociedade. Promover uma educação diversificada, no sentido de adentrar as particularidades e disponibilizar o conhecimento para todos, sem exceção, aponta uma atual problemática na estrutura e mudança escolar

Por Rafael Pinheiro 

A instituição escolar, criada através de símbolos marcantes, aliada a um conjunto fortemente construído através dos anos, denota uma característica exemplar: a formação do cidadão. Observando os mecanismos que compõem as amplas tarefas defendidas pelas escolas, o mergulho interno no autoconhecimento ultrapassa teorias, filosofias e técnicas pré-estabelecidas, instaurando seu olhar na essência peculiar de cada formando, que preenche as salas de aula diariamente e permanece durante longos períodos.

A educação inclusiva, que impulsionou a elaboração da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008, registra e orienta as transformações significativas para o âmbito escolar, bem como a evolução, interação, inclusão e acesso de crianças com algum tipo de deficiência no sistema escolar comum. Para, desta forma, concretizar o objetivo principal da educação: a formação completa.

A inclusão social das pessoas portadoras de deficiência intelectual e outras se constitui uma questão pertinente. Esta inclusão se promove pela criação das condições que favoreçam ao máximo a autonomia dessas pessoas na comunidade. Sua importância consiste tanto no que se refere a formação dessas pessoas, através da apropriação do saber, quanto na criação de um espaço real de ação e interação que favoreça o fortalecimento e o enriquecimento da identidade sociocultural.

No início deste ano entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que afirmou a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas.

Lenir Santos, vice-presidente da Fundação Síndrome de Down, localizada em Campinas, São Paulo, acredita que a lei está de acordo com a Convenção Internacional da ONU e, por isso, constitui em um grande avanço, porém, para que as resoluções tragam benefícios concretos às pessoas com deficiência, é preciso que haja uma mudança no comportamento e pensamento da comunidade. Lenir acredita que “o importante agora é a sociedade se modificar para o cumprimento da lei, tanto quanto os órgãos públicos e as famílias, uma vez que nem sempre as leis se tornam realidade”.

Segundo a Agência Senado, as inovações trazidas pela nova lei alcançaram, entre outras, as áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, esporte, previdência e transporte. No âmbito escolar, “assegurou a oferta de sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades de ensino; estabeleceu ainda a adoção de um projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, com fornecimento de profissionais de apoio; proíbe as escolas particulares de cobrarem valores adicionais por esses serviços”.

Maria Teresa Eglér Mantoan, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped) e membro da Ordem Nacional do Mérito Educacional, em sua recente publicação intitulada Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? indica que as “ações educativas têm como eixos o convívio com a diferença e a aprendizagem como experiência relacional, participativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla sua subjetividade, embora construída no coletivo das salas de aula”.

Assim, cita Mantoan, se o que pretendemos é que a escola seja inclusiva, “é urgente que seus planos se redefinam para uma educação voltada à cidadania global, plena, livre de preconceitos, que reconhece e valoriza as diferenças”.

ESPORTE INCLUSIVO

O esporte paraolímpico brasileiro, mesmo com pouca visibilidade, é considerado um dos melhores do mundo e tem como objetivo alcançar o 5º lugar no quadro de medalhas dos Jogos Paraolimpíadas Rio 2016. Na área educacional, geralmente, estudantes com necessidades especiais precisam se adaptar para frequentar os esportes praticados nas aulas tradicionais de Educação Física.

Tendo como ponto de partida o processo de integração escolar, entendido como a inserção de alunos com deficiência nas escolas regulares, o Colégio Villa Lobos, localizado na Grande São Paulo, criou o projeto “Esporte Inclusivo”, estimulando a vivência na prática do esporte paraolímpico entre os alunos.

“Percebemos que essa seria uma grande oportunidade de oferecer esportes paraolímpicos para os alunos aprendessem um pouco mais sobre estas modalidades e também entendessem que os esportistas com deficiência preparam-se para o esporte, treinam e recebem apoio de patrocinadores como qualquer atleta”, afirma Luis Fernando Borim, mantenedor do Colégio Villa Lobos.

A proposta do Villa Lobos consiste em oferecer algumas aulas apresentando modalidades inclusivas – como golbol, futebol para cegos e volei adaptado – e ensinar aos alunos do como são as regras e a prática desses esportes. Com a proximidade das Olimpíadas serão realizados dois campeonatos usando estas modalidades para que os alunos possam desenvolvê-las ainda mais.

“A origem do projeto Esporte Inclusivo surgiu após observarmos o esforço que a Vitória Aparecida Dauri de Morais, aluna do 1º ano do Ensino Médio, fazia, por conta de sua deficiência visual, para participar das atividades esportivas ‘comuns’ e do apoio que seus colegas davam a ela nestes momentos. Vimos uma oportunidade de invertermos as situações para que todos pudessem, nem que fosse por um curto espaço de tempo, praticar esportes adaptados às pessoas com deficiência, visual ou motora e, com isso, entender a dificuldade que a Vitória sentia”, ressalta o mantenedor.

Por meio desta experiência, o aluno aprende a valorizar e respeitar mais as pessoas não só pela sua deficiência, mas também, pelos seus talentos e habilidades, desenvolvendo, por consequência, outros sentidos.

Com o projeto Esporte Inclusivo, o Colégio Villa Lobos conquistou o Prêmio de Excelência Poliedro, que reconhece os trabalhos desempenhados pelas Unidades Parceiras do Sistema de Ensino Poliedro. A premiação é uma oportunidade para a troca de conhecimento sobre boas práticas educacionais entre as instituições. “Para nós a conquista deste prêmio foi importante para compartilharmos nosso projeto com outras escolas. Saber que elas poderão desenvolver projetos como o nosso, tornando-os ainda mais interessantes, é a grande vitória”, declara Luis.

Saiba mais:

Colégio Villa Lobos – [email protected]

Fundação Síndrome de Down – [email protected]

Maria Teresa Eglér Mantoan – [email protected]

Senado Federal – [email protected]

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