Quatro degraus na carreira de um(a) professor(a)
Pedagogia Escolar
Quais as diferenças entre um grande professor ou professora de uma professora ou professor comum?
Por que alguns se fazem profissionais requisitados, trabalham em escolas que pagam salários dignos, enquanto outros, muitas vezes com igual titulação acadêmica, não carregam similar prestígio, necessitam ministrar números desumanos de aulas semanais para garantirem o singelo pão de cada dia?
Existe, é claro, uma pitada de sorte na vida profissional de cada um. Nem sempre a qualidade da formação, o esforço do estudo contínuo, a busca por aperfeiçoamento perene tanto no plano da disciplina que leciona, como nos fundamentos de se fazer profissional magnífico, estabelecem uma hierarquia infalível. Em minha longa vida de educador, cruzei com professoras e professores ilimitadamente maravilhosos e distante da boa sorte e outros, ao contrário, com limitações pesadas, mas ainda assim trabalhando em boas escolas, acolhendo imerecidamente o respeito que a imensa dignidade dessa profissão requer.
Mas, se esse imponderável fator, de uma certa forma, contribui nessa distinção, penso que outra razão, agora bem mais forte e determinante, podem diferenciar professoras ou professores imprescindíveis de outros esmagados pela rotina de serem singelamente classificados como “professáuros”. Creio, assim, que essas razões se manifestam de forma unânime quando, nos degraus da carreira docente, o professor ou professora vai ao acumular experiência, se transformando pouco a pouco de professor “executor”, para professor “consultor” e, mais além, de consultor para “mentor”, para finalmente chegar a condição de professor “líder”, ou como alguns se auto intitulam “professor Coach”.
Interessante observar que o esforço e a dedicação, muito mais que experiência, constituem as ferramentas essenciais dessa evolução, plausíveis para quem a procura, distante para os que esperam pela loteria da vida. Vamos, assim, a essa distinção:
O professor executor ministra uma boa aula, isto é, leva efetivamente seus alunos a adquirir informações e a transformá-las em conhecimento. Sabe com segurança administrar a disciplina em sala de aula e ensina que o que a determina é o cumprimento de regras, não diferentes das que a vida social sempre nos impõe. Conhece com razoável profundidade os conteúdos curriculares que ministra e sabe avaliar o desempenho de seus alunos com justiça e coerência, visando menos “o saber pelo saber”, mas a aprendizagem como processo de efetiva transformação não apenas atitudinal, como também comportamental.
Supera-o, ou ele mesmo se supera, quando passa da condição de “Executor” para a de Consultor. Nessa circunstância evoluiu para transformar estratégia única de ensino em modalidades diferentes de aulas, sabe associar o que ensina com conteúdo que seus alunos aprendem em outras disciplinas, trabalha bem as habilidades operatórias de seus alunos e os avalia não apenas pelo que apreenderam, mas por um “ótimo” pessoal (o melhor possível em cada um) a que individualmente poderiam alcançar.
Em estágio mais elevado, e bem mais incomum, destaca-se o professor que soube evoluir e se fazer mentor e, por assim, agrega as virtudes inerentes ao consultor por efetivamente trabalhar em equipe e, assim, não se isola do grupo a que pertence e, sobretudo, não permite que seus alunos pensem os conteúdos de uma área sem os relacionar com os que aprendem com as demais áreas.
Mas, o estágio final desses patamares, se alcança quando o professor se efetiva como um verdadeiro líder e transcende os conteúdos específicos das aprendizagens conquistadas pelos alunos tornando-os líderes, aprendendo a usar o saber para tomar decisões e, finalmente, para sentir-se em autêntico “corpo” com seus colegas. Descobrem, então, que não existem altos desempenhos isolados, estratégias de ensino estáticas, conteúdos conceituais que se afastam da vida que se vive e que cada uma dessas estratégias se espelha em nossas ações.
Percebem e sentem que uma escola que se faz verdadeira, não apenas quando ensina, mas ajuda seus alunos a apreender, a se relacionarem afetiva e tecnicamente com o grupo e, assim, transformarem todo o saber conquistado em um efetivo “fazer”. Percebem que quando seus alunos deixam a escola, conquistaram a certeza de que não apenas possuem muito mais, mas que efetivamente “são” mais, são melhores.