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Guia para Gestores de Escolas

O novo perfil dos educadores e o papel dos gestores

img207A coordenadora científica e pedagógica do XVI Congresso Saber, Regina Stefano, apresenta, em entrevista concedida à Revista Direcional Escolas, um balanço dos desafios que escolas e educadores vivem hoje mediante as transformações sociais e tecnológicas.

O Congresso acontecerá em São Paulo, no Centro de Exposições Imigrantes, entre os dias 20 e 22 de setembro (Mais informações no site www.congressosaber.com.br. As inscrições podem ser realizadas através do site ou pelo telefone 11 – 5583-5555. Dúvidas e informações: [email protected] ).

Revista Direcional Escolas – O Sieeesp prepara mais um grande encontro para setembro, o XVI Saber, cujo eixo temático diz respeito a “Autoridade e Limites na Família e na Escola: O Saber Repensando o Comportamento”. Ou seja, vocês partem do pressuposto que há um novo cenário em que a educação está atuando?

Regina Stefano – Sim, partimos do pressuposto que sociedade, aluno, família e escola mudaram.  Mudaram em quê?  Para que mudasse a sociedade e o aluno, primeiro no meu entender, mudou a família, que deixou de educar seus filhos naquilo que é mais importante: valores! A família deixou de transmitir alguns valores que antigamente formavam  pessoas do “bem”. Entre esses valores, prefiro me deter nos valores morais e éticos, ou seja: honestidade, solidariedade, bondade, lealdade, altruísmo, verdade, religiosidade, segurança e amor com limites. Faltam limites e temos a ausência da figura de autoridade.

Revista Direcional Escolas – O Professor também mudou?

Regina Stefano – Considerando que este professor está inserido nesta sociedade, infelizmente a maioria mudou também. Os professores mais velhos, que tinham alunos “educados” pela família, hoje eles têm que “educar” estes alunos caso queiram transmitir conteúdos e, principalmente, desenvolver no aluno a curiosidade, para que esses possam desenvolver reflexões e, consequentemente, ter autonomia para pensar e criar.

Quanto aos professores mais jovens, muitos fizeram faculdades “conhecidas” como “fracas”. Mas temos uma classe de excelentes professores, que além de “educarem” seus alunos, se esforçam em se reciclar, capacitar, usando o método “antigo” junto com a nova tecnologia, promovendo debates em sala de aula, tornando as aulas dinâmicas, onde o aprendizado se dá de forma gostosa e AMOROSA.

AMOROSA, porque para  ser professor é preciso ter amor para dar, não basta ter só sabedoria. É preciso que, além das tecnologias e por causa das tecnologias (que muitas vezes distancia a ligação amorosa), o professor se vincule sempre a cada aluno, pois cada um é diferente do outro e necessita de um modo de atendimento afetivo diferenciado para aprender.

Revista Direcional Escolas – Quando se fala em perfil e formação dos professores, qual a grande inquietação das escolas(seus gestores e mantenedores)manifestam hoje?

Regina Stefano – A escola tem que saber primeiro selecionar seu professor. Qual o perfil deste professor? Quanto ele tem se capacitado para poder atuar? Que tipo de personalidade tem? É acomodado? Precisamos de professores que amam ensinar, aprender, despertar interesse, educar e formar o indivíduo para a vida profissional e também ensinar  a desenvolver  a Inteligência Emocional do aluno. Será que esse professor tem inteligência emocional diante das situações conflitantes com seus alunos?

A grande inquietação que a escola passa hoje é contratar um professor que detenha conhecimento necessário ao desenvolvimento dessa nova geração e que saiba criar cidadãos éticos. A Escola deve ajudar a formar pessoas capazes de desenvolver conflitos e esse caminho só se consegue pela formação ética.

Revista Direcional Escolas – Qual deve ser o perfil deste professor?

Regina Stefano – Penso que deve ser:

1º Escolher a profissão por amor

2º Ensinar com carinho e amorosidade

3º Mesclar conhecimentos e métodos antigos com as novas tecnologias. E mudar o comportamento desinteressado, desestimulado, sem autoridade, sem limites, para um professor apaixonado pelo que faz, que saiba a importância do seu papel como exemplo VIVO para que seus alunos o imitem e até o ultrapassem.

4º O professor tem que ter em mente que desde o berçário à faculdade, o aluno aprende, porque alguém promoveu a curiosidade dele, o instigou a ir buscar respostas, e o papel do professor é o de um facilitador e não dono do saber. E este processo de décadas deverá ser feito com paciência, dedicação e amor. O professor deve ser referência de autoridade, de proteção, de confiança.

Revista Direcional Escolas – Existe uma vocação que deve permanecer no tempo?

Regina Stefano – No dicionário, a definição de vocação é a de um termo derivado do verbo no latim “vocare“, que significa “chamar”. “A vocação é uma inclinação para exercer uma determinada profissão ou um talento (aptidão natural) para executar algo.”

Sendo a vocação um talento, e aptidão natural do ser humano, chamo a isso de amor à profissão. Vocação é um “dom” inato, portanto, não exige grande esforço, pois sempre será prazerosa qualquer coisa que se faça dentro de sua vocação. O professor que tem vocação investirá  na capacitação continuada de sua profissão, tentando sempre melhorar, se aprimorar para desenvolver o potencial de seus educandos, pois sua maior recompensa é ver seu aluno descobrir também sua “vocação”, ou seja, seu amor à profissão. E com certeza ambos  serão excelentes profissionais. Concluindo, a principal vocação de um professor é formar bem esse aluno.

Revista Direcional Escolas – As instituições de nível superior estão dando conta de acompanhar essas mudanças e essas necessidades?

Regina Stefano – Acredito que exista uma ruptura entre o Ensino Básico e Ensino Superior, deveria haver uma continuidade e esse “Ritual de Passagem” é uma mudança brusca para esse aluno. O que vemos por aí é que algumas faculdades não formam esses alunos para o mercado de trabalho.

As principais lacunas dessa formação estão ligadas ao próprio conhecimento. O Educador precisa investir mais em sua capacitação, em seu crescimento profissional.

Muitas escolas estão investindo na própria formação de seu educador, propiciando capacitação continuada para que esse professor seja referência de autoridade, de proteção, de confiança.

Revista Direcional Escolas – O gestor está preparado para acompanhar tantas mudanças e desafios?

Regina Stefano – O gestor está em constante busca de aperfeiçoamento para si mesmo e para os membros de sua equipe. As exigências e mudanças são tantas que não se pode parar. O equilíbrio da gestão pedagógica, administrativa, é permeado pela gestão de pessoas. Este item é um ciclo ininterrupto.

Revista Direcional Escolas – Quais são suas próprias lacunas, falhas?

Regina Stefano – Conseguir harmonizar as prioridades, mantendo a saúde do negócio escola, é um dos maiores desafios.

Revista Direcional Escolas – Onde o gestor deve investir em termos de mudança de postura própria e da equipe?

Regina Stefano – Quanto mais ele desenvolver seu estilo de liderança e aprender  a se desenvolver acerca do funcionamento humano, mais resultado conseguirá obter em sua organização. Treinamento, desenvolvimento e motivação de times são assuntos que fazem parte  da ordem do dia.

Revista Direcional Escolas – Ou seja, em uma síntese, enumere quais deveriam ser os traços principais desse novo gestor?

Regina Stefano – Gestor de pessoas e de processos. Alguém que saiba orquestrar as diferenças entre as pessoas e desta forma consiga desenvolver e ampliar sua organização escolar com saúde e dinamismo.

Revista Direcional Escolas – Como deve ser uma cultura organizacional na escola, quais atividades e dinâmicas deve implantar para que forme líderes entre seus educadores?

Regina Stefano – A clareza sobre a missão da escola é o primeiro passo para obter o engajamento do time. Num time há forte consciência de dependência entre as áreas. Secretaria, portaria, coordenação pedagógica, não existe o mais ou menos importante. O gestor orquestra a ação de todos, com devida importância no seu campo de trabalho.

Por Rosali Figueiredo

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Regina Stefano

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