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Guia para Gestores de Escolas

Neurociência da aprendizagem – como as emoções negativas afetam o desempenho escolar

Por aprendizagem entende-se um complexo processo que se estabelece entre o indivíduo e suas novas relações com o meio ambiente e que provoca uma alteração na estrutura mental. É uma das habilidades neurais mais importantes à sobrevivência do ser humano e dos animais. Por meio dessa interação, o homem adquire e desenvolve competências indispensáveis para sua sobrevivência. O cérebro no ser humano apresenta-se mais desenvolvido que nos animais e com isso possibilita maior desenvolvimento cognitivo e adaptativo.

O CÉREBRO TRINO

Na evolução das espécies o cérebro desenvolveu-se em três diferentes unidades funcionais: cérebro reptiliano, cérebro dos mamíferos inferiores e o cérebro racional. O primeiro, formado pela medula espinal e porções basais do prosencéfalo, é capaz de prover reflexos simples como aqueles observados nos répteis. Regula funções vitais básicas como fome, sede, temperatura corpórea, reprodução. O segundo cérebro permite que os mamíferos inferiores apresentem emoções mais simples e vivam em comunidade. Este sistema de emoções é chamado de sistema límbico. Mais recentemente, desenvolveu-se o terceiro cérebro, o neocórtex, o “cérebro inteligente”, responsável pelo avanço cognitivo do ser humano.

Uma das características mais importantes do cérebro é sua capacidade de gerar novos neurônios e novas redes neurais continuamente, num processo conhecido como neuroplasticidade. Esse fenômeno facilita a formação de novas memórias e consolidação da aprendizagem, mas é prejudicada pelo stress excessivo, ansiedade e estados emocionais negativos.

AMIGDALA DO HIPOCAMPO

As informações que recebemos do meio ambiente são captadas pelos nossos órgãos do sentido e enviadas ao cérebro onde são processadas, discriminadas ao mesmo tempo em que somos afetados pelo seu conteúdo emocional. Os estímulos seguem para uma região do cérebro conhecida como amigdala ou corpo amigdaloide, importante centro neural situada no lobo temporal. É na amígdala que as informações emocionais são processadas, onde o conteúdo emocional é identificado.

A amígdala também possui associações com o sistema nervoso vegetativo que controla o funcionamento dos órgãos abdominais, entre eles, o coração. Por exemplo, nas fortes emoções há um aumento da frequencia cardiaca, disparando o coração.

AMIGDALA E APRENDIZAGEM

A amigdala, portanto, tem uma função primordial por conexão com importantes centros relacionados às emoções, cognição, aprendizagem, recuperação de informações, planejamento, tomada de decisão e reações dos órgãos viscerais.

Em 2007, Yang e colaboradores publicaram no Neuroscience Letters uma pesquisa avaliando a função da amídala usando ressonância magnética. Demostraram que esse núcleo apresenta-se demasiadamente ativo em diversos transtornos psicológicos, como no stress, transtorno de ansiedade, transtorno de stress pós-traumático entre outras. Os transtornos de humor, stress e ansiedade mostram acoplamentos modificados entre o processamento de eventos emocionalmente alterados e atividade do sistema nervoso visceral: o biofeedback é uma maneira prática e objetivo de avaliar essa atividade.

BIOFEEDBACK E COERÊNCIA CARDÍACA

Biofeedback (retroalimentação biológica) é uma tecnologia que capta os sinais de batimentos cardíacos por meio de sensores não invasivos e os envia a um programa de computador onde os dados são analisados, disponibilizando o resultado ao usuário. Por meio de exercícios de simples realização, o sujeito consegue facilmente alterar sua pulsação, transformando-as de uma forma caótica e desorganizada para uma harmônica e coerente. Esse estado de equilíbrio é conhecido como coerência cardíaca, onde o coração encontra-se em conexão direta com o cérebro, informando-o que as emoções e o corpo estão em perfeita harmonia.

No estado de coerência cardíaca a amígdala normaliza seu funcionamento, reduzindo a hiper-reatividade. Pela repetição deste estado, a pessoa permanece em equilíbrio emocional, permitindo que o stress, a ansiedade e outros estados psicoemocionais que consomem energia e a concentração sejam naturalmente mitigados.

O estado de coerência cardíaca permite à pessoa se tornar mais consciente de sua capacidade de regular as emoções, propicia autoconhecimento e autorregulação fisiológica. Com isso, o sujeito torna-se mais focado, com atenção concentrada, mais apto para aprender, facilitando, assim, a memorização. No estado de coerência cardíaca há uma maior oxigenação do córtex pré-frontal melhorando o raciocínio, o planejamento e a tomada de decisão. Ao mesmo tempo, há redução do hormônio do stress (cortisol) e aumento do DHEA (hormônio da juventude).

Entre os principais equipamentos utilizados para treinamento do estado de coerência cardíaca encontra-se o biofeedback cardioEmotion produzido pela empresa NPT – Neuropsicotronics, sediada no Cietec, centro de inovação da Universidade de São Paulo. Com o apoio da Escola Politécnica da USP (Projeto NAGI) a NPT desenvolveu o Método Neurocoaching NPT para Alto Desempenho com o objetivo de atender escolas, empresas e instituições. O método é fundamentado no treinamento com biofeedback cardioEmotion acompanhado por monitores qualificados da NPT.

Portanto, o uso do biofeedback proporciona melhores condições para o aprendizado, memorização, desempenho nas provas e exames, obtidos pela regulação emocional, aumento de foco e concentração, redução do stress e ansiedade.

doutor

Marco Fabio Coghi, diretor geral, é  pesquisador, químico (CRQ-4 nº 04203774), conferencista, fisioterapeuta pós-graduado (CREFITO-3 nº 125813-F). Professor convidado da pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), do Curso de Especialização em Medicina Comportamental (UNIFESP – Coordenação do Prof. Dr. José Roberto Leite), do Curso de Gerenciamento de Stress, do International Stress Management Association (ISMA), do Curso de Neuropsicologia Aplicada a Reabilitação (coordenação Dra. Livia Stocco Sanches Valentin).

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