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Sucesso em vários países, livro defende que igualdade social é mais determinante do que riqueza

Resultado de 30 anos de pesquisa, a obra dos pesquisadores Richard Wilkinson e Kate Pickett comparou índices de países ricos

O NÍVEL: POR QUE UMA SOCIEDADE MAIS IGUALITÁRIA É MELHOR PARA TODOS

Richard Wilkinson e Kate Pickett

  

Páginas: 378

Preço: R$ 45,00

Editora: Civilização Brasileira

 

Nos últimos dois anos, ouvimos frases como “a desigualdade é o desafio que define nossa época” e “desigualdade é a base de todas as doenças sociais” serem proferidas, respectivamente, pelo presidente americano Barack Obama e pelo Papa Francisco. As afirmações, no entanto, não são novidade para os pesquisadores Richard Wilkinson e Kate Pickett, que se debruçam sobre o tema há pelo menos três décadas. O resultado deste extenso trabalho é “O nível”, livro que defende uma tese aparentemente simples: grande parte dos problemas sociais de um país – da violência à expectativa de vida, passando por desempenho escolar, relações humanas e até obesidade – não são determinados exatamente pela riqueza ou pobreza, e sim por quão igualitária é a sociedade.

Os pesquisadores usaram como base 23 dos países mais ricos do mundo e coletaram dados internacionalmente comparáveis sobre problemas sociais como doenças mentais, expectativa de vida, obesidade, desempenho escolar infantil, maternidade na adolescência, homicídios, taxa de encarceramento, mobilidade social e vida em comunidade. Invariavelmente, a conclusão é que os países com menos desigualdade se saem melhor nos índices, ainda que não sejam os mais ricos.

Wilkinson e Pickett dedicam um capítulo a cada um desses problemas sociais para explicar sua metodologia, detalhar os números e deixar claras suas conclusões. Alguns exemplos emblemáticos também são citados pelos autores. Quando escrevem sobre as relações sociais em comunidade, por exemplo, eles relembram como duas sociedades reagiram a grandes catástrofes: nos EUA, marcado pela extrema desigualdade, o furacão Katrina (2005) acirrou conflitos raciais e provocou confrontos entre população e polícia; enquanto na China, em 2008, soldados e moradores se uniram em resgates elogiados pela comunidade internacional após o terremoto que matou 90 mil pessoas.

A expectativa de vida é outro fator analisado pelos pesquisadores. Eles comparam as chances de dois bebês, um nascido nos EUA e outro na Grécia. Os americanos gastam com saúde, anualmente, o dobro do valor dos gregos, cuja renda média é menos da metade da dos cidadãos dos EUA. Ainda assim, o bebê americano tem uma expectativa de vida 1,2 ano menor e 40% mais risco de morrer no primeiro ano de vida.

Além de explicarem sua metodologia e defenderem sua tese, os autores, no fim do livro, oferecem algumas soluções possíveis para o problema da desigualdade. Uma estratégia decisiva, segundo eles, é apostar na sustentabilidade. “Admitindo o que a desigualdade faz a uma sociedade e particularmente como ela eleva o consumo competitivo, parece não só que as duas coisas são complementares, mas também que os governos talvez não consigam fazer cortes suficientes nas emissões de carbono sem também reduzir a desigualdade”, eles escrevem.

Mais do que qualquer coisa, a teoria termina numa nota positiva, de que um mundo mais igual é possível: “Nossa análise não comparou sociedades existentes com outras imaginárias, impossivelmente igualitárias: não se trata de utopia ou da extensão do aperfeiçoamento humano. Tudo que vimos provém de comparações feitas com sociedades existentes e essas não são especialmente incomuns ou estranhas, (…) Não resta nenhuma dúvida de que os seres humanos são capazes de viver em sociedades com desigualdades tão pequenas como as encontradas no Japão e nos países nórdicos”.

“O nível” é um sucesso no mercado internacional e já foi traduzido em mais de 20 países. Para a edição brasileira, a dupla de autores preparou um prefácio especial, além de um apêndice com sugestões e resumos de estudos sobre o mesmo assunto, mas concentrados no Brasil e na América Latina.

Palestra de Wilkinson no TED Global sobre o assunto: http://bit.ly/1xKcnTw

Richard Wilkinson é um nome importante na pesquisa internacional sobre os determinantes sociais da saúde. Estudou história econômica na London School of Economics, é professor emérito da Escola de Medicina da University of Nottingham, professor honorário da University College of London e professor visitante da University of York.

 

Kate Pickett é professora de epidemiologia na University of York e cientista do National Institute for Health Research, da Grã-Bretanha. Estudou antropologia na University of Cambridge, ciências nutricionais na Cornell e epidemiologia na University of California, em Berkeley.

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